quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Professor que usou texto homofóbico em prova será demitido


Parte dos universitários recusou-se a fazer o exame e retirou-se da sala e procurou coordenação da faculdade.

A faculdade particular de Teresina cujo professor aplicou um texto com teor considerado homofóbico nesta segunda (6) informou que irá demitir o docente.

No último exame da turma do primeiro período do curso de Serviço Social, o professor pediu que os alunos identificassem a estrutura, argumento, tese e o resumo do texto que continha trechos sobre o relacionamento entre homossexuais como “por ser uma relação cuja posição não é face a face, mas ao contrário, no mais puro estilo animal; não tem como se expressar o amor de uma pessoa pela outra”. “Deve se considerar também que a própria relação sexual entre homossexuais contraria a ordem das coisas relativa à sexualidade e genitalidade humana”

Parte dos universitários recusou-se a fazer o exame e retirou-se da sala, procurando a coordenação pedagógica da faculdade, que ficou ao lado dos estudantes.

“A prova será anulada. O texto fere a proposta pedagógica do curso, as diretrizes curriculares e o código de ética da Abepess (Associação Brasileira de Pesquisa de Ensino em Serviço Social). Não é o posicionamento da nossa instituição e do curso”, relata a coordenadora do curso de Serviço Social da faculdade, Iris Neiva.

Ela explica que o professor é substituto e foi contratado para assumir a vaga de um docente que teve de se afastar por conta de um acidente, tanto assim que as aulas da disciplina ministrada, Metodologia da Pesquisa Científica, começou com duas semanas de atraso.

“O professor tem autonomia na sala de aula, mas com responsabilidade e dentro dos princípios éticos. É impossível que nós verifiquemos tudo o que é aplicado, mas não concordamos em nada com este texto”, declara Neiva.

Ela ressalta que o conteúdo é incompatível com o os preceitos que devem reger a profissão do assistente social onde deve prezar pelo “respeito de forma inequívoca à todas as pessoas”. A coordenadora afirma que o caso chegou à direção da faculdade que determinou a demissão do professor.

Entretanto, como esta é a última semana de aula, o docente deverá aplicar uma nova prova aos alunos antes de ser desligado.

Fonte: http://contramachismo.wordpress.com/


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Estudo aponta resistências na aplicação da Lei Maria da Penha


Artigo produzido a partir de projeto de Iniciação Científica ganha prêmio do CNPq ao apontar banalização da violência contra a mulher


A Lei Maria da Penha foi criada em 2006 para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher. Quatro anos após entrar em vigor, a iniciativa ainda esbarra na resistência de juízes e promotores, que nem sempre recorrem a ela para julgar as vítimas. A conclusão é de Welliton Maciel, graduado em Sociologia pela Universidade de Brasília em 2009. O artigo do ex-estudante sobre o tema conquistou o 6º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

O artigo Processos Institucionais de Administração de Conflitos, Produção de “Verdades Jurídicas” e Representações Sociais sobre a Questão da Violência Doméstica contra a Mulher no Distrito Federal nasceu no Programa de Iniciação Científica da UnB (Proic), que Welliton concluiu no ano passado. “Queria entender como os promotores estavam interpretando a Lei Maria da Penha no DF”, diz. “Uma das coisas que eu percebi foi a persistência em manter na esfera privada um problema que é de natureza pública”.

Assistindo a audiências e analisando processos de violência contra a mulher, o sociólogo percebeu que alguns juízes evocam o conceito de família para justificar a agressão. “Existe uma percepção de que a mulher deve subjugar-se ao homem”, afirma. Welliton acrescenta, ainda, que muitos deles sustentam esse argumento com bases religiosas. “Para manter a posição de soberania do homem no âmbito familiar, o juiz recorre ao discurso e à lógica discursiva religiosa, mesmo fazendo parte de um Estado laico”.

A Lei Maria da Penha propõe medidas protetivas que os juizados especiais não garantiam. Até 2006, a mulher decidia se queria ou não continuar com a queixa. “Com a lei, isso caiu. Ela tirou a possibilidade da mulher voltar atrás por pressão do agressor, pela própria condição de dependência econômica ou psicológica”, explica. “A lei define que a violência doméstica contra a mulher ocorre desde a violência física até a simbólica”, completa o pesquisador.

BARREIRAS – “Encontrei na minha pesquisa resistência na aplicação da lei, principalmente dos juízes em entender a agressão como violência doméstica”, relata Welliton. “Há até mesmo juízas que entendem não se tratar de violência, é como se o marido aplicasse uma correção na mulher”, afirma o sociólogo. Segundo ele, a lei ainda é percebida como sexista.

A não compreensão da lei acaba fazendo com que alguns processos sejam julgados na vara de família com base na Lei Nº 9.099, de 1995. “Para banalizar o problema, eles descem o processo para a vara de família, com penas mais brandas”, observa. “Fica clara a redução do problema. É um ranço de patrimonialismo que marca a cultura brasileira: o homem agrediu a mulher e só precisa reparar os danos materiais”.

Para a orientadora da pesquisa, Lia Zanotta, do Departamento de Antropologia, Welliton combina as Ciências Sociais com Direito de forma exemplar. “Ele fez uma análise muito cuidadosa do funcionamento dos juizados especiais que tratam da violência contra a mulher, que não são exclusivamente especializados na Lei Maria da Penha”, diz. “Há uma interpretação jurídica que continua a perceber os crimes de violência contra a mulher como privados, que não merecem a atenção da justiça”.

Para a professora, o consenso entre os juízes é um desafio para implantação plena da lei. “Há juízes e promotores que estão de acordo com o espírito da Maria da Penha, mas há um sentimento que funciona quase como uma tradição legal em que o castigo contra as mulheres é um direito dos homens sobre elas”.

O ex-estudante receberá o prêmio do CNPq no dia 21 de dezembro, às 10h, no auditório da Secretaria de Políticas para Mulheres, que fica na Esplanada dos Ministérios


Fonte: http://contramachismo.wordpress.com/2010/12/15/estudo-aponta-resistencias-na-aplicacao-da-lei-maria-da-penha/


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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Aonde nós vamos parar?????

Texto retirado do Blog Tijoladas!

Aonde vamos parar? Ontem cheguei em casa as 4 horas da manhã me perguntando: onde nós vamos parar? Explico. Eis os fatos: Fomos eu e mais duas amigas ao Vecchio Giorgio, um barzinho aqui em Floripa que fica na Lagoa da Conceição. Jantamos e subimos para o segundo andar, onde estava tocando uma banda de samba rock. O ambiente estava superlotado, insuportável. Decidimos que iríamos embora, e ainda não passava da 1 da manhã. De repente um rapaz começou a nos empurrar. Uma menina foi pedir para ele parar e ele imediatamente começou a agredi-la. Minha amiga foi separar e ele deu um soco em sua testa. Afundou a testa no mesmo momento. Algumas pessoas foram segurá-lo e ele começou a jogar garrafas nas pessoas. Uma outra menina foi atingida e levou sete pontos. Questões importantes a serem consideradas: 1- Ninguém conhecia o rapaz. Ele saiu agredindo gratuitamente. Depois voltou dançar como se nada houvesse acontecido; 2 – O segurança do Vecchio só apareceu depois, quando eu fui chamá-lo e levá-lo ao agressor; 3 – Perceberam que eu falei no singular? É que no Vecchio há apenas UM segurança; 4 – Os funcionários do bar em nenhum momento prestaram auxílio às vítimas. O proprietário do bar em momento nenhum subiu ao segundo andar para ver como estavam as vítimas; 5 – O segurança carregou o agressor e o levou para o andar de baixo, querendo liberá-lo. Como o pessoal do térreo não sabia o que estava acontecendo, tive que me colocar na frente do segurança e começar a gritar para impedir que o agressor fosse liberado; 6 – O proprietário do bar, que como eu disse, em momento nenhum foi verificar a situação das vítimas e não chamou a ambulância, mandou-me calar a boca, porque eu estava exagerando e fazendo tempestade num copo de água (palavras suas); 7 – O agressor ria e debochava da minha cara o tempo todo, dizendo que também me bateria; 8 – Dois meninos conseguiram trazer minha amiga para baixo e um policial civil presente impediu que o dono do bar e seu único segurança liberassem o criminoso. Fomos tentar sair com ela para levar ao hospital (lembrando que ela estava com a testa afundada), mas o dono do bar nos impediu de sair porque não havíamos pago as comandas; 9- Voltei ao caixa, paguei as comandas e saí com a minha amiga (precisavam ver a cara de alívio do dono do bar, que em momento algum ofereceu ajuda, só nos mandou parar de fazer escândalo desnecessário); 10 – Fomos ao hospital, minha amiga tevea testa afundada, um osso do crânio fraturado. Em momento algum apareceu alguém do bar para prestar assistência; 11 – Foi identificado o agressor, Lucas Felicíssimo, natural de Belo Horizonte, estudante da oitava fase de Medicina da UFSC. Dizem que chegou na Delegacia parecendo outra pessoa, aquele sorriso debochado fez-se lágrimas de crocodilo, acompanhados do velho jargão ‘sou inocente’. Quem viu disse que chegava a ser comovente tão brilhante atuação; 12 – O agressor, já acompanhado de advogados, foi liberado. Muitos dos presentes sentiram-se com medo de divulgar seu nome e ser ameaçado de crime de calúnia e difamação; 13 – Lucas Felicíssimo, não tenho medo da verdade. Você deve ter, eu não. Dezenas de pessoas te viram agredindo mulheres, quebrando a cabeça da minha amiga. Não tenho medo de você, seu covarde. 14 – Negligene ou conivente? Qual o adjetivo que melhor se coaduna com o proprietário do bar? E a omissão de socorro? E a falta de humanidade? Seu único interesse foi o de manter a imagem do seu bar, o tempo todo. E a falta de seguranças? E se ele tivesse uma arma? Teria nos matado a todos porque não há nenhuma espécie de controle na entrada. Ah, hoje fiquei sabendo que uma briga muito parecida ocorreu lá no Vecchio no feriado (nem isso levou o dono do bar a contratar mais seguranças); 15 – E o bandido, que em breves tempos será médico? Que tipo de médico é esse, que ao invés de salvar vidas manda duas mulheres que sequer conhecia, sem motivo, para o hospital? As perguntas permanecem irrespondidas. Espero que a nossa Justiça possa responder algumas delas. Que mundo é esse? Onde vamos parar? Ah, o bandido e o dono do bar a essas alturas devem estar na praia; minha amiga está em casa aguardando uma cirurgia na cabeça. Nota do blogueiro Boicotem essa pardieiro que não oferece segurança para mulheres. Não dê grana para empresário marginal. Detone esses caras nas mídias sociais. Maria Cristina H. Périco ssas alturas devem estar na praia; minha amiga está em casa aguardando uma cirurgia na cabeça. Nota do blogueiro Boicotem essa pardieiro que não oferece segurança para mulheres. Não dê grana para empresário marginal. Detone esses caras nas mídias sociais. Maria Cristina H. Périco

#BOICOTEM O BAR VECCHIO GIORGIO

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Campanha 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres

A Coordenadoria Municipal de Políticas Públicas para as Mulheres/Florianópolis tem a satisfação de divulgar a programação da Campanha 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres. Esta é uma das mais importantes iniciativas de mobilização e sensibilização da sociedade para a questão da violência contra as mulheres. Sua ampliação, principalmente aqui em Florianópolis, evidencia a necessidade de assegurarmos às mulheres uma vida sem violência. Para isso, serão desenvolvidas várias atividades no período de 20 de novembro a 10 de dezembro.

















sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Eleições 2010!

O pleito de 2010 deve eleger a maior bancada

feminina da história da Câmara

Estima-se que 40% das cadeiras da Câmara serão renovadas, além de mais mulheres eleitas

Levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) prevê que sejam renovadas em torno dos 40% das cadeiras da Câmara Federal com as eleições 2010, além de mais mulheres eleitas. Entretanto, o percentual de renovação possivelmente será inferior à média de 50% registrada nas últimas cinco eleições, apesar de ser considerado alto se comparado a outros Parlamentos.

Das 55 parlamentares em exercício, 39 são candidatas à reeleição em outubro, 37 deputadas e duas senadoras, um alto índice à reeleição. Com as projeções de crescimento, pode-se esperar para a próxima legislatura, em 2011, uma bancada feminina mais fortalecida para manter e ampliar seus direitos, principalmente na luta pela igualdade de gêneros.

Segundo o Diap, das 14 parlamentares que não vão tentar renovar mandato, duas disputam o governo do estado: Santa Catarina (Ângela Amin – PP; e Ideli Salvatti – PT); três ao Senado Federal (Ângela Portela – PT/RR; Lídice da Mata – PSB/BA); e Vanessa Grazziotin – PCdoB/AM); três à Câmara Legislativa Estadual (Bel Mesquita – PMDB/PA; Cida Diogo – PT/RJ; e Patrícia Saboya – PDT/CE); uma à presidência da República (Marina Silva PV-AC); e uma a Câmara dos Deputados (Serys Shessarenko – PT/MT).

Quatro senadoras permanecem no mandato até 2015 (Marisa Serrano – PSDB/MS; Maria do Carmo Alves – DEM/SE; Kátia Abreu – DEM/TO e Rosalba Ciarlini – DEM/RN, que é candidata ao governo do estado).
As projeções de crescimento são baseadas no aumento do número de candidaturas ao cargo de deputada federal. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já registrou 1345 candidaturas femininas para as próximas eleições. Em 2006 e 2002, foram 737 e 490 candidatas, respectivamente.

A região Sul é destaque no possível aumento de eleitas em relação à última eleição. Em 2006, a região elegeu 4 (5,19%) deputadas federais e, em 2010, este número pode chegar a 12 (15,58%).

O aumento tem também relação direta com a minirreforma eleitoral aprovada no ano passado, que estabelece o preenchimento por parte dos partidos de pelo menos 30% de suas vagas com candidaturas de cada sexo. Antes, a Lei Eleitoral (9.504/97) determinava apenas a “reserva” de 30% das candidaturas, o que abria espaço para que os partidos não preenchessem essas vagas.

Em maior número no Parlamento, as mulheres também esperam se tornar novas lideranças. Segundo o Diap, a presença feminina na elite parlamentar entre os “Cabeças” do Congresso Nacional de 2010, em termos proporcionais, é inferior à participação da mulher no Legislativo Federal. Entre os 100 parlamentares influentes, apenas seis mulheres fazem parte da lista: quatro deputadas, todas vice-líderes: Alice Portugal (PCdoB/BA), Luiza Erundina (PSB/SP), Rita Camata (PSDB/ES) e Vanessa Grazziotin (PCdoB/AM); e duas senadoras, a líder Ideli Salvatti (PT/SC) e a vice-líder Kátia Abreu (DEM/TO).

Ranking das deputadas eleitas entre 1950 e 2006

1950 – 1 / 0,33%
1954 – 3 / 0,92%
1958 – 2 / 0,61%
1962 – 2 / 0,49%
1966 – 6 / 1,47%
1970 – 1 / 0,32%
1974 – 1 / 0,31%
1978 – 4 / 0,95%
1982 – 8 / 1,67%
1986 – 26 / 5l34%
1990 – 28 / 5,57%
1994 – 32 / 6,24%
1998 – 29 / 5,65%
2002 – 42 / 8,19%
2006 – 45 / 8,77%


Fonte:http://www.sepm.gov.br/noticias/ultimas_noticias/2010/09/o-pleito-de-2010-deve-eleger-a-maior-bancada-feminina-da-historia-da-camara


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terça-feira, 28 de setembro de 2010

Vai Pensando nisso!

Dia 28 de Setembro - Dia Latinoamericano pela legalização do
Aborto na América Latina e Caribe!


quinta-feira, 23 de setembro de 2010

CON UN SOLO CLICK


Autora: Elo Vega, Huelva

Es preciso huir del espejismo universalista del fetichismo tecnológico, desconfiar de que la tecnología vaya a ser la panacea de las diferencias y jerarquías, que milagrosamente supera las barreras de clase y de género, las económicas y culturales. Pero a la vez hay que hacer uso de sus posibilidades emancipatorias: concebir modos reales, vías de salida efectiva de las estructuras de dominio. Pensarnos, reinventarnos, recrearnos, nombrarnos, encontrarnos en las zonas más recónditas del planeta. Con un sólo click. Un éxodo a zonas que aún no existen del planeta.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Carta aberta aos candidatos brasileiros – Manifesto Pró-Casamento Igualitário no Brasil



Senhoras e Senhores Candidatos,

Por meio desta carta-manifesto, nós, abaixo assinados, viemos reivindicar aos candidatos concorrentes no pleito de 2010 e perante a sociedade brasileira a aprovação urgente, no Brasil, do chamado casamento gay, melhor definido como casamento igualitário. Conclamamos que candidatos e cidadãos brasileiros aproveitem o processo eleitoral para refletir seriamente sobre o assunto.

Nós, sejamos lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, transgêneros ou heterossexuais, somos apoiadores de um direito básico do qual todos os brasileiros devem ter neste país: a Igualdade Civil. Por isso, defendemos que o casamento igualitário, recentemente aprovado na Argentina, o seja também no Brasil. Não pensamos que tal medida seja radical ou subversiva, assim como não pensaram ser radicais aqueles que instituíram o divórcio ou o sufrágio secreto e universal em nosso país. Trata-se simplesmente de uma questão de igualdade civil e justiça democrática. Os conservadores devem aceitar que o Brasil é uma República Laica desde 1889, ou seja, há mais de 100 anos. Também repudiamos veementemente a proposta de se fazer um plebiscito sobre a União Civil Gay. Pensamos que a proposta, mesmo travestida de “democrática”, é cruel, humilhante e degradante com a população LGBT.

As razões para que o casamento igualitário seja aprovado no Brasil são muitas. Entretanto, o principal argumento é que somente esta reforma no código civil daria igualdade legal entre cidadãos com orientações sexuais diferentes da heteronormativa.

Esperamos, com esta carta-manifesto, fazer com que todos os candidatos do Brasil e a sociedade em geral entendam a gravidade da situação de exclusão civil, social e de direitos humanos em que se encontra grande parte da comunidade LGBT – estimada por especialistas em aproximadamente 10% da população brasileira. Queremos chamar a atenção, especialmente, dos candidatos aos cargos de deputado estadual e federal, governadores, senadores e, principalmente, à Presidência da República, e pedir para que se manifestem claramente, sem hipocrisia, sobre o assunto.

Todas as mulheres e homens são iguais perante a lei

A Constituição Federal Brasileira, desde 1988, garante que todos os brasileiros são iguais perante a lei, portanto, têm os mesmos direitos e deveres. Em seu artigo 5º, a Carta Magna afirma: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, (…)”

Os cidadãos homo, bi e transexuais cumprem os mesmos deveres que os heterossexuais para com a República, são obrigados a votar, a servir militarmente à pátria (no caso masculino), a pagar os impostos etc. Todavia, a elas e eles ainda são negados, por parte do Estado, vários direitos básicos, como a igualdade civil e jurídica e mesmo a garantia e manutenção de sua integridade física. Direitos básicos estão comprometidos no país, como a garantia à segurança e à vida nos casos de atentados homofóbicos, a que costumeiramente estão expostos os LGBTs em seu dia-a-dia. No Brasil ainda se faz necessária a urgente aprovação do PLC-122, que criminaliza a discriminação por orientação sexual, como em todas as nações modernas do mundo. Não fazê-lo é ser conivente com os assassinatos de gays, lésbicas e transgêneros que acontecem a cada dois dias no Brasil.

Além das violações diárias de seus direitos, os cidadãos LGBTs são, ainda, discriminados pelo Estado brasileiro. Ao não equiparar os direitos civis entre heterossexuais e homossexuais, o Estado fere a isonomia republicana, deslegitimando sua própria base jurídica. Inclusive, com isso, ainda fortalece as pretensões daqueles que querem continuar a discriminar e excluir “legalmente” uma parcela da população brasileira – a LGBT.

Entre os objetivos declarados na Constituição da República Federativa do Brasil, em seu artigo 1º estão: “II – a cidadania; III – a dignidade da pessoa humana; (…)”. Percebe-se, claramente, que estes dois valores ainda são aviltados a gays, lésbicas, bissexuais e transexuais ao terem negados os direitos civis relacionados ao casamento e a constituição de família.

Sem a equiparação dos direitos civis entre homossexuais e heterossexuais, a legitimidade republicana deve contestada, afirmando a injustiça formal existente no Brasil. Para que essas diferenças sejam progressivamente resolvidas, é necessário que, ao menos legalmente, todos sejam considerados iguais, sem qualquer distinção, inclusive aquelas motivadas pela orientação sexual. O Estado não pode ser agente desta distinção, e por isso, deve urgentemente reconhecer a existência legal das famílias homoafetivas.

A aprovação do casamento igualitário seria a correção da injustiça civil relacionada aos direitos dos cidadãos LGBTs de constituírem família e possuírem os mesmos direitos civis e familiares que os heterossexuais. Somente a aprovação da união civil entre pessoas do mesmo sexo não se justifica mais na atual conjuntura política e histórica. Além de estabelecer uma evidente separação entre aqueles que deveriam ser constitucionalmente iguais, os direitos limitados por ela concedidos já foram, em parte, contemplados pelas inúmeras decisões do poder judiciário brasileiro, ou concedidas por decisões administrativas de órgãos federais (Receita Federal etc) e empresas públicas (Caixa Econômica etc) e privadas.

Ou seja, somente o casamento igualitário estabelece a isonomia civil de direitos republicanos, sem criar diferenças. Pensamos que a não-equiparação de direitos civis ou a manutenção da desigualdade legal entre todos os cidadãos é tão grave que abre precedente perigoso para garantia da manutenção e da legitimidade do regime constitucional brasileiro.

O Brasil é um Estado Laico

O Brasil também se afirma constitucionalmente como uma democracia que prima pela liberdade de pensamento. Para garanti-la, determina a separação entre Estado e Igrejas: O Art. 19 da Constituição Federal proíbe à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios “estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público”, e também “criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si”.

Apesar dessa clara norma legal, muitos eleitos, principalmente deputados e senadores, e funcionários públicos não respeitam essa separação entre Estado e Igreja(s), provavelmente por não entenderem o que é um Estado Laico. O laicismo, princípio que rege a base teórica das leis brasileiras, é uma doutrina filosófica que defende e promove a separação do Estado das igrejas e comunidades religiosas, assim como a neutralidade do Estado em matéria religiosa. A palavra “laico” é um adjetivo que significa uma atitude crítica e separadora da interferência da religião organizada na vida pública das sociedades contemporâneas.

Entretanto, alguns grupos religiosos conservadores impõe seu pensamento na forma de lobbies político-religiosos, obrigando o conjunto da sociedade a aceitar seus conceitos estritamente religiosos, regulando leis e ditando padrões de comportamento beseados na religião. Um bom exemplo é como os grupos religiosos, sobretudo católicos e neopentecostais, pretendem obrigar a grupos que não confessam seus preceitos a viver de acordo com suas normas e dogmas. Neste caso, eles violam a Constituição pretendendo enfraquecer a exigência do Estado Laico.

Duas modificações importantes instituídas a partir da declaração da laicidade do Estado foram a a criação do Casamento Civil (coexistindo a partir de então com o Matrimônio religioso) e a adoção do Registro Civil de Nascimento (que substitui o Registro de Batismo).

A lei de igualdade civil da qual os brasileiros LGBTs clamam pela aprovação quer ampliar os direitos ao casamento civil. Importante reafirmar que não cabe aqui nenhuma exigência que altere o matrimônio religioso ou que pretenda obrigar as doutrinas a incluir o casamento gay. Isto porque o Estado laico funciona em duas vias: nele não cabe nenhuma interferência religiosa, mas ele também se abstém de decisões que afetem qualquer religião. Não cabe ao Estado brasileiro decidir sobre como a Igreja Católica, por exemplo, casa seus fiéis: só a Santa Sé, no Vaticano, tem esta prerrogativa. Contudo, ao Estado brasileiro cabe proteger todos os seus cidadãos de todas as formas que possam cercear seu direito a liberdade.

O casamento civil é um direito que somente a parcela heterossexual da população brasileira possui. O clamor entre os indivíduos homossexuais, bissexuais e transexuais da República é para que este direito seja ampliado a todos, sem distinções. Assim, não haverá desigualdade jurídica instituída.

Pode-se constatar que o “argumento” mais poderoso contra o casamento gay origina-se do meio religioso, e começa sempre com citações da Bíblia Sagrada. Entretanto, esse discurso não serve como argumento quando se discute políticas públicas, leis e modelos de Estado. Em um Estado laico e democrático, crenças religiosas não podem, em absolutamente nenhuma circunstância, ser incluídas entre elementos formadores do pensamento legislador ou público. Nessas condições, nenhum preceito de base religiosa tem qualquer legitimidade na configuração normativa de leis, códigos ou regulamentos estatais.

Formar família é para poucos?

Um argumento comum dos setores conservadores contrários ao casamento é o de que um casal homossexual não forma uma família. Retrocedendo historicamente, também o modelo de família que se vê hoje em dia (homem, mulher e filhos) pode ser datado como posterior a Segunda Guerra Mundial (isto é, a partir da década de 1950). E isto somente se falarmos do ocidente.

A antropologia e a sociologia comprovam que, fora do mundo ocidental, ainda hoje, o modelo de família pode ser muito distinto do que se convencionou chamar de família. Já no ocidente, mais de 38 tipos de família coexistem hoje nas sociedades urbanas. O “modelo” de família não é unívoco mesmo no mundo ocidental: famílias de mães ou pais solteiros; divorciados que casam-se novamente e reúnem seus filhos, os filhos do cônjuge e os nascidos desse casamento; famílias formadas por pessoas que, na verdade, não têm nenhum parentesco sanguíneo. O modelo de família é extremamente mais amplo do que o texto da lei brasileira permite afluir.

Outro argumento contrário ao casamento gay é o de que duas pessoas do mesmo sexo não podem gerar filhos e, portanto, não podem per si constituir família. Este argumento, se for levado a sério, excluiria também os casais heterossexuais que, por um motivo ou outro, também não geram filhos. Casais estéreis ou casais idosos não deveriam mais constituir uma unidade familiar perante a lei. Isto absolutamente não faz sentido. Até porque a lei brasileira prevê o caso de adoção. Crianças são abandonadas por inúmeros motivos em abrigos e protegidas pelo Estado, e podem ser adotadas por estes casais heterossexuais que não podem gerar filhos. Porque não pelos casais homossexuais?

Outra afirmação usada contra a família homoafetiva é dar uma natureza “transviada” à relação de duas pessoas do mesmo sexo, crendo que os indivíduos não forneceriam bons modelos para a formação de uma criança. Argumenta-se que esta “má influência” seria prejudicial ao desenvolvimento destas jovens mentes.

Há os que sentenciam que o filho de um homossexual teria o mesmo comportamento afetivo sexual, ignorando aqueles que são frutos de lares heterossexuais. Com esse enunciado, nega-se outro direito aos gays: a adoção, em conjunto, de uma criança.

Os candidatos a cargos públicos devem a todos os cidadãos, no mínimo, um posicionamento claro sobre estas questões. Isso é fundamental para que a democracia possa tornar-se mais do que uma bela palavra.

Brasil, agosto de 2010

Fonte: http://casamentoigualitario.wordpress.com/

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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Dê um basta na Violência!


Pelo fim da Violência contra as mulheres; Pelo fim da exploração do corpo das mulheres; Pelo fim da opressão contra as Mulheres. PELA LIBERDADE DAS MULHERES!


sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Documentário - Nem com um Flor!

Este vídeo foi produzido em 1998. O que mudou de lá para cá foi a Lei Maria da Penha, que criou instrumentos de maior agilidade na punição dos homens que agridem suas companheiras. Mas a violência ainda é uma constante, fruto do machismo e de um entendimento de que as mulheres são seres de segunda categoria.

Nem com uma flor - Compreender, prevenir e combater a violência contra as mulheres from Universidade Livre Feminista on Vimeo.



quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Quatro anos de Lei maria da Penha!


A Lei Maria da Penha veio para ficar. Com quatro anos de vida, a Lei continua sofrendo ameaças e retrocessos, o maior desafio para as mulheres brasileiras e lutar para que a Lei se fortaleça.

Em sua breve existência, a Lei Maria da Penha tem demonstrado que é necessária e precisa ser cumprida. A violência contra a mulher continua fazendo parte de nosso cotidiano, as mulheres vem denunciado cada vez mais, as políticas e serviços estão sendo implementadas, embora a passos lentos, e as resistências a sua existência, é triste constatar, também continua.

A Lei durante esses anos parece estar em meio a um corredor polonês. Aceitar e, mais ainda aplicar, a Lei Maria da Penha, como bem esperávamos, não seria tarefa fácil.

Em um país que por muitos anos permitiu em lei a prática da violência contra a mulher, por outros tantas décadas aceitou como parte dos costumes de seu povo e apenas no XXI, em 2006, finalmente proibiu essa forma brutal de violação dos direitos humanos das mulheres, redimindo-se de seu passado e buscando construir uma sociedade livre de patriarcado, sexismo e desigualdade de gênero e raça.

O recente brutal assassinato de Eliza Samudio é prova disso. Eliza denunciou a violência, as ameaças que vinha sofrendo por parte do goleiro Bruno. Mas teve o pedido de medidas de proteção negada pela Juíza. A Magistrada entendeu que a Lei não se aplicava a esse tipo de relação afetiva. A decisão da Juíza contrariou o texto legal e aos fins a que ela se destina: proteger a mulher da violência doméstica.

A frase dita pelo goleiro Bruno revela também o quanto arraigado é pensamento machista na sociedade que vivemos: 'Qual homem que nunca perdeu a paciência e saiu na mão com sua mulher?'.

Porém a Lei resiste e conta com o apoio de milhares de mulheres, que tanto acionam quanto indicam para suas vizinhas e companheiras, com a empenho de gestoras, para tornar realidade os serviços, e de operadores do direito para aplicar seus dispositivos.

FONTE: http://www.cfemea.org.br/noticias/detalhes.asp?IDNoticia=1138


Sugestão de Leitura!


http://www.cfemea.org.br/pdf/leimariadapenhadopapelparaavida.pdf


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quinta-feira, 29 de julho de 2010

Dica de Filme!



FLOR DO DESERTO


"A denúncia de mutilação genital das mulheres somalis é o grandioso objetivo da obra Flor do Deserto. Através de sua biografia, a modelo africana Waris Dirie, atravessa as fronteiras da Somália e mostra ao mundo o lado grotesco de sua cultura. Waris conta que foi mutilada aos cinco anos de idade, numa espécie de rito de passagem.O relato impactante mostra a crueldade e o preconceito aos quais são submetidas as meninas somalis. Seus clitóris são extirpados com objetos rudimentares, como facas, tesouras e lascas de pedras, sem preocupação com higiêne, pondo em risco milhares de vidas. A cultura de seu país atribui à genitália feminina o estigma do mal, por isso toda filha mulher é submetida a ritual de mutilação. A modelo relata sua saga pelo deserto da Somália, fugindo da tirania do pai, cuja mentalidade cultural, permite não só a mutilação, como a escolha do marido para a filha. A menina Waris foge,ainda sangrando para Mogastício a pé, enfrentando animais selvagens e areias escaldantes por 500Kms. A provação de Waris é recompensada em parte, fora do seu país e longe das imposições de sua cultura, ela se torna uma modelo conhecida internacionalmente, o que lhe permite denunciar ao mundo a bárbarie a que são submetidas as mulheres somalis.Hoje Waris é embaixadora da ONU e responde por assuntos que denunciam a crueldade contra as mulheres de seu país".

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Histórias de Paixão!

Está faltando alguma coisa para as mulheres de Florianópolis! Mais coragem, mais paixão, mais compromisso com a causa! Estamos muito acomodadas!

Por favor, olhem e escutem a brilhante fala de Isabel Allende no site abaixo, para que possamos nos sentir mais motivadas a fazer passeatas, para nos envolvermos em uma "potencia de ação movida pela paixão" e conseguirmos efetivar eventos denunciando injustiças!

*PS: Para visualisá-lo com legenda em português basta clicar em VIEW SUBTITLES, logo abaixo do vídeo e selecionar PORTUGUESE!

terça-feira, 13 de julho de 2010

Dez mulheres são mortas por dia no País!

(Por Bruno Paes Manso, de O Estado de S.Paulo)

Em dez anos, dez mulheres foram assassinadas por dia no Brasil. Entre 1997 e 2007, 41.532 mulheres morreram vítimas de homicídio – índice de 4,2 assassinadas por 100 mil habitantes. Elas morrem em número e proporção bem mais baixos do que os homens (92% das vítimas), mas o nível de assassinato feminino no Brasil fica acima do padrão internacional. Os resultados são um apêndice, ainda inédito, do estudo Mapa da Violência no Brasil 2010, do Instituto Zangari, com base no banco de dados do Sistema Único de Saúde (Datasus).

Os números mostram que as taxas de assassinatos femininos no Brasil são mais altas do que as da maioria dos países europeus, cujos índices não ultrapassam 0,5 caso por 100 mil habitantes, mas ficam abaixo de nações que lideram a lista, como África do Sul (25 por 100 mil habitantes) e
Colômbia (7,8 por 100 mil). Algumas cidades brasileiras, como Alto Alegre, em Roraima, e Silva Jardim, no Estado do Rio, registram índices de homicídio de mulheres perto dos mais altos do mundo. Em 50 municípios, os índices de homicídio são maiores que 10 por 100 mil habitantes. Em compensação, mais da metade das cidades brasileiras não registrou uma única mulher assassinada em cinco anos.

Outro contraste ocorre quando são comparados os Estados brasileiros. Espírito Santo, o primeiro lugar no ranking, tem índices de 10,3 assassinatos de mulheres por 100 mil habitantes. No Maranhão é de 1,9 por 100 mil. “Os resultados mostram que a concentração de homicídios no Brasil é heterogênea. Fica difícil encontrar um padrão que permita explicar as causas”, afirma o pesquisador Julio Jacobo Wiaselfisz, autor do estudo. São Paulo é o quinto Estado menos violento do Brasil, com índice de 2,8 por 100 mil habitantes. Mas a taxa é alta se comparada à de Estados americanos, como Califórnia (1,2) e Texas (1,5). “Quanto mais machista a cultura local, maior tende a ser a violência contra a mulher”, diz a psicóloga Paula Licursi Prates, doutoranda na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, onde estuda homens autores de violência.

Motivação
Para aumentar a visibilidade do problema e intimidar a ação dos agressores, a aprovação da Lei Maria da Penha, em 2006, foi comemorada pelas entidades feministas por incentivar as mulheres a denunciar crimes de violência doméstica, garantindo medidas de proteção para a mulher e punições mais duras e rápidas contra agressores. Mas a nova lei não impediu o assassinato da cabeleireira Maria Islaine de Morais, morta em janeiro diante das câmeras pelo ex-marido, alvo de oito denúncias. Nem uma série de outros casos que todos os dias ganham as manchetes dos jornais. Ainda são raros os estudos de casos que analisam as motivações de assassinos que matam mulheres. De maneira geral, homens se matam por temas urbanos como tráfico de drogas e desordem territorial e os crimes ocorrem principalmente nas grandes cidades. Mulheres são mortas por questões domésticas em municípios de diferentes portes. “No caso das mulheres, os assassinos são atuais ou antigos maridos, namorados ou companheiros, inconformados em perder o domínio sobre uma relação que acreditam ter o direito de controlar”, explica Wânia Pasinato Izumino, pesquisadora do Núcleo de Estudo da Violência da USP. Em um estudo das motivações de 23 assassinatos contra mulheres ocorridos nos cinco primeiros meses deste ano e investigados pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa de São Paulo (DHPP), em 25% dos casos o motivo foi qualificado como torpe. São casos como negativas de fazer sexo ou de manter a relação. Em 50% das ocorrências, o motivo foi qualificado como fútil, como casos de discussões domésticas. Houve 10% de mortes por motivos passionais, ligados a ciúmes, por exemplo, e 10% relacionado ao uso ou à venda de drogas.

“Por serem ocorrências domésticas, às vezes a prevenção a casos como esses são mais difíceis”, afirma a delegada Elisabete Sato, chefe da divisão de Homicídios do DHPP.

FONTE: http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=489&catid=43

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Por que as campanhas precisam falar para as mulheres?

Não só porque são maioria do eleitorado e nem porque nesta eleição há duas candidatas competitivas –Dilma Rousseff e Marina Silva–, mas também porque a cada ano ficam mais evidentes as diferenças de percepção e comportamento entre eleitores e eleitoras.

Historicamente tem-se observado que as mulheres aguardam que o quadro de informações das campanhas esteja mais completo, e só se interessam mais fortemente pelas eleições quando o horário eleitoral gratuito começa e os debates entre os candidatos são realizados. Mais ainda, as eleitoras ficam na expectativa de algo que afete diretamente a vida da população, como propostas para a saúde, educação, desemprego e segurança, entre outras. Pela experiência das campanhas anteriores, sabe-se que esse processo de tomada de decisão sobre intenção de voto se dá mais consistentemente durante o período de propaganda eleitoral gratuita.

Eleitoras: decisão de voto mais consciente e consistente

Na véspera do 1º turno da última eleição presidencial (30/09/2006), as pesquisas de intenção de voto indicavam que, se dependesse dos homens, o candidato Lula ganharia no 1º turno; mas as mulheres mostravam que ainda precisavam de uma segunda rodada de campanha para escolher seu candidato. E, embora a mídia e os partidos apostassem em uma decisão no 1º turno, as mulheres levaram as eleições para o 2º turno. Tudo indica que elas não se sentiam suficientemente esclarecidas, e também ficaram relutantes diante dos “dossiês” e de outros eventos de oportunismo eleitoral, que desviaram o foco das propostas voltadas para a população.

Gráfico 1 – Pesquisa Ibope 1º turno (30/09/2006); voto estimulado


Eleições 2006: mulheres eram 61% dos indecisos na véspera das eleições

Em 2006, 16% não haviam escolhido seu candidato no dia anterior ao pleito, sendo 19% mulheres e 12% homens –ou seja, 61% dos indecisos eram mulheres. Este padrão se repetiu em várias eleições no passado.

Como foi dito anteriormente, uma parcela das eleitoras aguarda até o último momento e até a última informação disponível para se definir com mais convicção.

Gráfico 2 – Pesquisa Ibope (setembro/2006)


Eleições 2010: as pesquisas e o fim do ciclo das pré-candidaturas

As pesquisas de maio de 2010 refletem a fase de pré-candidaturas. Os institutos trabalharam com vários cenários de nomes ao longo deste ano e, em todas as rodadas, o mesmo padrão foi observado: mulheres aguardando as próximas etapas do processo e homens mais definidos em suas escolhas.
Por exemplo: na última pesquisa Ibope, realizada no fim de maio, verifica-se na resposta espontânea que 36% estão indecisos, sendo 40% mulheres e 32% homens. Ou seja, o padrão observado se confirma neste estágio da campanha.

Em 2010, foram publicadas 13 rodadas de pesquisas dos institutos Vox Populi, Sensus, Ibope e Datafolha. Em todas elas, a intenção de voto das mulheres em Dilma Rousseff (PT) é inferior a dos homens.

Pesquisa Ibope (maio/2010); arte: G1


Dilma Rousseff –que começou o ano em segundo lugar, atrás de José Serra (PSDB) com uma diferença de 10 pontos– cresce e chega em maio empatada com o adversário (37%), como todos os institutos apontaram.

Contudo, o crescimento de Dilma não anulou as diferenças nas intenções de voto de homens e mulheres. Desde o início de 2010 Dilma Rousseff tem mais votos masculinos e essa diferença tem se mantido estável ao longo do ano, em 9 pontos percentuais. Na pesquisa Ibope de maio, 41% dos homens votariam em Dilma, enquanto apenas 33% das mulheres tinham intenção de votar na candidata do Partido dos Trabalhadores.

Perfil dos eleitores de cada candidato

Segundo a última pesquisa Ibope, os perfis dos eleitores de Serra e Marina Silva (PV) acompanham as proporções do eleitorado brasileiro: 52% de mulheres e 48% de homens. Já o perfil dos eleitores de Dilma Rousseff é mais masculino: 55% de homens e 45% de mulheres. Em outras palavras: o fato de Dilma ser mulher não explica esse perfil mais masculino de seu atual eleitorado, afinal, Marina é mulher e seu eleitorado divide-se proporcionalmente entre os sexos.

Nesse caso, o voto em mulheres precisa ser explicado de outra forma, pois tem a ver diretamente com conteúdos de campanha e discursos que falam mais ou menos às mulheres.

Gráfico 4 – Pesquisa Ibope (maio/2010)

Mulher vota em mulher?

Há um mito arraigado, na mídia e no imaginário popular, de que mulher não vota em mulher, afinal a grande maioria dos postos de poder são ocupados por homens, quando temos 52% de eleitoras e apenas 11% de mulheres parlamentares no Congresso. Ou seja, a maioria das mulheres tem votado em candidatos masculinos para o parlamento.

No entanto é importante lembrar que não faltam eleitoras que votem em mulheres, mas sim candidaturas femininas com estrutura partidária, apoio efetivo em termos de recursos, infraestrutura e tempo no horário de propaganda eleitoral. Historicamente, os partidos políticos são espaços de poder masculino. Em 2008, por exemplo, os partidos não cumpriram a cota de 30% de candidaturas femininas na maior parte das capitais.

Em diversos países em que mulheres apresentaram candidaturas fortes, elas obtiveram votação expressiva, de eleitoras e eleitores. Na América Latina há os exemplos recentes e bem-sucedidos das presidentes Laura Chinchilla (Costa Rica), Michelle Bachelet (Chile) e Cristina Kirchner (Argentina).

Juntas, Dilma e Marina têm 49% das intenções de voto

Nesta eleição, as pesquisas realizadas em maio mostram que a soma das intenções de voto em Dilma Rousseff e Marina Silva chega a 49%, ou seja, 57% dos votos válidos já são dirigidos a candidatas mulheres.

Os discursos proferidos por ocasião da oficialização das candidaturas de Marina Silva, José Serra e Dilma Rousseff ganharam conteúdos programáticos novos e mais abrangentes. Os candidatos fizeram as primeiras propostas que se vinculam às esferas do cotidiano, como educação, desemprego, saúde e políticas sociais em geral.


As mulheres são mais sensíveis às políticas públicas

As pesquisas mostram que há uma diferença de percepção de homens e mulheres em relação aos temas de campanhas. O gráfico seguinte mostra duas esferas de impacto das comunicações eleitorais: de um lado, os homens mostram maior interesse pela esfera do jogo de poder (eleições, preferência partidária e conversa sobre política); de outro, as mulheres estão mais sensíveis a políticas públicas nas áreas de educação e saúde.

Nesta fase de pré-campanha que se encerra, os temas de maior visibilidade estavam ligados aos bastidores da política –alianças partidárias, composição de chapas, lutas internas entre aliados– que mobilizam mais os eleitores homens. Daqui para frente começam a entrar nas campanhas os conteúdos de políticas públicas, que ganham mais a atenção das eleitoras. Nesta última fase as mulheres se engajam mais fortemente e as candidaturas poderão se beneficiar destas características do processo eleitoral.

Gráfico 5 – Pesquisa Datafolha (maio/2010); * pesquisa Vox Populi

Principais atributos de cada candidato na opinião das eleitoras

José Serra

Dilma Rousseff

Marina Silva

Experiência

Defesa dos interesses das mulheres

Defesa dos interesses das mulheres

Preparo para cuidar da Saúde

Defesa dos pobres

Defesa dos pobres

Defesa dos empresários

Combate ao desemprego

Preparo para cuidar da educação


Pesquisa Datafolha (maio/2010)

Quando eleitores e eleitoras associam atributos a cada candidato, fica mais claro o que foi demonstrado anteriormente com relação às esferas do poder político e das políticas do cotidiano. O gráfico a seguir mostra que as mulheres diferenciam Serra por qualidades executivas, ligadas à gestão de políticas que impactam o cotidiano, enquanto associam a Dilma qualidades políticas, relacionadas ao rearranjo das relações de poder e às desigualdades socioeconômicas.

Esta é uma das explicações para a diferença de intenção de voto entre homens e mulheres. Mais voltadas para o cotidiano, as eleitoras vêem em Serra qualidades executivas para a gestão de políticas públicas, como: ser mais experiente para o cargo (60%); mais preparado para cuidar da saúde (47%): e preparado para ser presidente (43%).

Já em Dilma as mulheres percebem mais atributos relacionados a mudanças de poder político, como: a defesa dos interesses das mulheres (40%) e dos pobres (32%) e o combate ao desemprego (31%).

Entre as eleitoras, os indicadores de atributos positivos relacionados a Marina Silva estão próximos da intenção de voto da candidata (12%). Destacam-se três índices entre o eleitorado feminino: a defesa dos interesses das mulheres (22%); a defesa dos pobres (19%) e o preparo para cuidar da educação (13%).


Gráfico 6 – Pesquisa Datafolha (maio/2010)

A maioria das análises publicadas na mídia atribui o crescimento de Dilma Rousseff ao impacto do programa do PT e ao apoio assertivo do presidente Lula. Efetivamente, as pesquisas do Datafolha mostram isso com clareza. Entre abril e maio, o conhecimento de que a candidata de Lula é Dilma cresceu 10 pontos, sendo 6 pontos entre os homens, de 71% para 77%. Já entre as mulheres, esse crescimento foi de 51% para 65%, ou seja, 14 pontos percentuais. Pela TV as eleitoras puderam perceber melhor o discurso de Dilma e ela recuperou terreno neste eleitorado.

De outro lado, é significativo entre as eleitoras o peso do apoio do presidente a Dilma, mas ainda não foi atingido todo o seu potencial.

Em outra questão, o Datafolha indaga com que certeza os eleitores votariam no candidato/a do presidente Lula: 46% dos homens e 43% das mulheres afirmam que este apoio os levaria com certeza a escolher esta candidata. Levando em conta esses dados, a candidatura Dilma Rousseff praticamente chegou perto do teto do voto masculino: ela tem 42% de intenções de voto e o potencial de 46% de homens que votariam, com certeza, na candidata do presidente. No entanto, entre as mulheres Dilma tem 33% das intenções de voto declarado e um potencial de crescimento de 10 pontos percentuais, pois 43% das mulheres declaram que votariam, com certeza, na candidata de Lula. Portanto, quando as candidaturas, chapas e alianças estiverem definidas e a campanha mudar o foco para políticas públicas, as mulheres poderão fazer a diferença para as candidatas Dilma e Marina.

Com relação a Serra é importante notar que a pesquisa Ibope publicada no início de junho aponta a Saúde como o principal problema que o próximo presidente deverá enfrentar. Nesta perspectiva, Serra tem uma clara vantagem em relação aos demais candidatos, mesmo porque foi um ministro bem avaliado da pasta da Saúde (ver o gráfico de atributos ligados aos candidatos).

Daqui para frente as eleições mudam de ciclo, os eleitores e, sobretudo, as eleitoras terão olhos mais abertos para as campanhas. As propostas dos candidatos ganham mais foco nos debates, na propaganda e nos discursos. E as duas candidatas e os nove candidatos* terão que olhar mais para as mulheres. Assim sempre foi e assim será nas eleições de 2010.


* José Serra (PSDB), Rui Pimenta (PCO), Levy Fidélix (PRTB), Oscar Silva (PHS), Plínio de A. Sampaio (PSOL), Mario de Oliveira (PTdoB), José Maria Eymael (PSDC), Américo de Souza (PSL) e Zé Maria (PSTU).

quarta-feira, 16 de junho de 2010

A MULHER E A DEMOCRACIA

16 e 17de junho de 2010

Câmara Municipal de Florianópolis



Programação

16/6 – Quarta-feira

14h00 às 17h00: Reunião com as Mulheres dos Partidos Políticos

Objetivo: Discutir a importância de criação do Fórum Estadual de Instâncias de Mulheres de Partidos Políticos.

Participantes: Representante do Fórum Nacional de Instâncias de Mulheres de Partidos Políticos, Representantes de Mulheres de Partidos Políticos em SC e do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher.


17/ 06 – Quinta-feira


9h00: Abertura

1ª Mesa – A participação da Mulher e a Democracia

Coordenação: Vera Lúcia Teixeira

9h30min: Palestra – Participação das Mulheres nos Espaços de Poder e Decisão. II PNPM Elisabeth Pereira – Representante da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres/PR

10h00: Palestra – A Mulher e a Democracia: Clair Castilhos Coelho – Casa da Mulher Catarina

Mediadora: Teresa Vitale – Fórum Nacional de Instância de Mulheres dos Partidos Políticos

11h00: Debate

12h00: Almoço

2ª Mesa – Caminhos e Diálogos: Mais Mulheres no Poder

Coordenadora: Neusa Freire Dias

14h00: Palestra – Reforma eleitoral relativa à participação das Mulheres: Raquel Felau Guisoni – Conselho Estadual dos Direitos da Mulher e União Brasileira de Mulheres

14h30min: Palestra – As Mulheres nas Instâncias de Poder em Santa Catarina: Diagnóstico e Perspectiva: Patrícia Sardá Lisboa – Tribunal Regional Eleitoral

15h00: Palestra – Apresentação da Plataforma Política 2010: Mais Mulheres no Poder: Teresa Vitale – Fórum Nacional de Instâncias de Mulheres de Partidos Políticos

Mediadora: Arlete Carminatti Zago - Conselho Nacional dos Direitos da Mulher -

16h00: Debates

17h00: Encerramento