terça-feira, 25 de maio de 2010

1 em cada 7 brasileiras de 18 a 39 anos já fez aborto!

Folha de São Paulo

Pesquisa mostra a cara da mulher que aborta. Não é uma outra, é uma de nós. É a nossa colega, a nossa vizinha, a nossa irmã, diz coordenadora.


CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma em cada sete brasileiras de até 40 anos já fez aborto, um número aproximado de 5 milhões de mulheres. Na faixa etária de 35 a 39 anos, a proporção é ainda maior: uma a cada cinco já decidiu abortar. É o que revela uma pesquisa nacional inédita, financiada pelo Ministério da Saúde e realizada pelo instituto Ibope. No total, foram ouvidas 2.002 mulheres entre 18 e 39 anos, das capitais brasileiras e de municípios acima de 5.000 habitantes. Foram excluídas as que vivem na zona rural e as analfabetas -454.374 brasileiras, segundo o IBGE. O estudo mostra que 48% das mulheres que abortaram usaram algum medicamento e que 55% delas ficaram internadas em razão do procedimento. O aborto é mais frequente entre as mulheres com baixo nível de escolaridade: 23% daquelas com até o quarto ano do ensino fundamental, contra 12% entre as que concluíram o ensino médio. A proporção de mulheres que fizeram aborto cresce de acordo com a idade. Vai de 6% (dos 18 aos 19 anos) a 22% entre as de 35 a 39 anos. A pesquisa mostra a cara da mulher que aborta. Não é uma outra, é uma de nós. É a nossa colega, a nossa vizinha, a nossa irmã, a nossa mãe. Geralmente, tem companheiro e segue uma religião, afirma a antropóloga Débora Diniz, professora da UnB (Universidade de Brasília) e uma das coordenadoras da pesquisa.

Religião
Na pesquisa, não foram observadas diferenças entre mulheres que pertencem a grupos religiosos distintos. Para o ginecologista Thomaz Gollop, professor livre docente pela USP, os resultados da pesquisa revelam que os dogmas religiosos estão totalmente dissociados daquilo que acontece na sociedade e que a criminalização do aborto não impede que milhares de mulheres continuem adotando a prática. Margareth Arrilha, diretora-executiva da CCR (Comissão de Cidadania e Reprodução), afirma que os dados refletem que as mulheres continuam abortando e não encontram respostas nas políticas públicas de saúde. Estamos vivendo um retrocesso em todas as esferas, no Executivo, no Legislativo e no Judiciário, afirma. O projeto que trata da descriminalização do aborto está parado na Câmara. A ação que discute se a mulher tem ou não direito a interromper a gravidez em caso de fetos anencéfalos (sem cérebro) ainda não foi votada pelo STF (Supremo Tribunal Federal). E, recentemente, o governo federal retirou o apoio à descriminalização do aborto do Plano Nacional de Direitos Humanos. O médico Adson França, assessor especial do Ministério da Saúde, diz que a pesquisa reafirma que o aborto é uma questão de saúde pública, como o ministério tem repetido inúmeras vezes. França afirma que a pasta atende hoje 34,5 milhões de usuárias do SUS com todos os métodos anticoncepcionais. Isso, diz ele, já começa a refletir no número de abortos. De 2003 para 2009, houve uma queda de 16,6% no total de curetagens (de 240 mil para 200 mil), a maioria por conta de abortos provocados.

Abortos
Os dados da pesquisa não permitem estimar o número de abortos no país. É seguramente maior do que o número de mulheres que abortam porque uma mesma mulher pode ter feito mais de um aborto. O número também sobe se as áreas rurais e a população analfabeta forem computadas, explica Débora Diniz, da UnB. Segundo ela, as analfabetas foram excluídas porque não poderiam preencher o questionário das suas entrevistas, e a zona rural, pelo alto índice de analfabetismo entre mulheres.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

DECLARAÇÃO PÚBLICA DE CATÓLICAS PELO DIREITO DE DECIDIR

Com que moral?

A Igreja católica - que perde moral por abusos sexuais cometidos por seus padres contra crianças, adolescentes e mulheres - interfere na redação do III PNDH sob a bandeira da moralidade. E o governo federal aceita.

O tema do abuso sexual cometido por religiosos volta a ganhar as páginas dos jornais em todo o mundo. Na realidade, a discussão sobre esse problema tão grave teve início em 2002, quando vários casos de pedofilia foram denunciados nos Estados Unidos. A partir dessas denúncias, as notícias de outros abusos por parte do clero em todo o mundo não pararam mais de ocupar a imprensa. Foram tornados públicos casos em países ricos e em países pobres. Também no Brasil, os casos ganharam destaque.

A primeira reação da hierarquia eclesiástica têm sido a de minimizar o problema, dizendo que esse tipo de caso é raro, que as denúncias atendem a interesses de ordem política, entre outros tipos de despistamento. O fato é que os padres que são alvos de tais denúncias são simplesmente transferidos para outras paróquias, ou seja, essa tem sido a forma que a Igreja tem encontrado para "resolver" a situação. Essas transferências, na verdade, contribuem para acobertar e manter impune o culpado, mas expõem a comunidade de destino a abusos semelhantes.

O problema, porém, vai ganhando espaço na mídia, com mais e mais denúncias em diversos países do mundo. Nos últimos meses, tornaram-se públicos clamorosos escândalos na Alemanha, Holanda, Irlanda, Brasil e Itália. Diante disso, não é suficiente que o Papa peça desculpas às vítimas de abusos sexuais. É necessária uma reação séria de investigação e punição de culpados, tanto por parte da Igreja, como por parte do Estado. O cidadão religioso, antes de tudo, é parte de uma sociedade e deve prestar contas de seus atos a ela. Por isso, a Justiça comum deve servir também para os religiosos. A Igreja só voltará a ganhar um pouco de credibilidade quando der uma resposta decente a todas essas denúncias e parar de encobrir abusadores que, na realidade, são criminosos.

Um fato importante, mas que tem tido pouca visibilidade e pouco destaque na mídia, é o abuso de mulheres adultas, tão comum quanto os casos de abusos sexuais de menores e adolescentes. As mulheres estão também, infelizmente, expostas ao poder e à violência de padres abusadores, justamente as mais vulneráveis: secretárias de paróquias, coroinhas femininas, catequistas e mesmo paroquianas pobres, cujas famílias às vezes dependem de auxílio econômico do pároco, têm histórias de abuso para contar. E nenhuma delas sequer imaginava que um padre - autoridade religiosa a quem aprenderam a respeitar - poderia ser um abusador. Sem poder contar com a compaixão que caracteriza a violência sexual contra menores, mulheres que chegam a fazer a denúncia têm sido expostas à execração pública por julgamentos negativos e humilhantes proferido por superiores hierárquicos do denunciado, sofrendo pressão e ameaça, sem contar com apoio de familiares, do aparato jurídico-policial, da comunidade religiosa e do público mais amplo. Ou seja, à violência sexual por padres contra mulheres se somam outras, que resultam em verdadeiro caos em suas vidas.

Sabemos bem que a visão preconceituosa e perniciosa que a Igreja tem em relação à sexualidade só favorece práticas pouco saudáveis na vida sexual daqueles/as que estão sujeitos/as a um celibato imposto. Se a liberdade de consciência é um princípio fundamental no cristianismo, como é possível manter a instituição do celibato obrigatório? Não seria muito melhor que os padres que quisessem casar, assim o fizessem? Aqueles que se sentem com vocação para o celibato poderiam conservar seu status de celibatários/as e sem dúvida seriam felizes. Com isso não afirmamos que todo o celibato conduz ao abuso sexual, mas quando não existe liberdade, dificilmente poderemos imaginar uma vida de serviço, amor ao próximo e respeito às pessoas. A imposição só pode gerar práticas de abuso de poder, de abuso de autoridade e é isso que padres infelizes com seus celibatos têm feito com crianças, adolescentes e mulheres: abusado do poder que os reveste. Por que será que há mais casos de pedofilia na Igreja do que em outras instituições? As denúncias mais notáveis têm se referido mais a práticas de abuso por parte de padres do que de outras categorias.

O inexplicável é que - justamente em um contexto em que a Igreja perde sua credibilidade no mundo todo, deixando de ser vista como referência moral - o governo brasileiro mostra sua fragilidade ao ceder às pressões da CNBB - Conferência Nacional dos Bispos no Brasil, retrocedendo na formulação do III Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-III). É neste momento, em que os direitos humanos de meninos, meninas e mulheres vêm sendo desrespeitados escancaradamente por atos de abuso sexual cometidos por padres, que o Governo resolve ajoelhar-se frente aos bispos brasileiros e dar as costas à população.

Quando o governo retira do PNDH-III o apoio à descriminalização do aborto no Brasil e a proposta de retirada de símbolos religiosos dos espaços públicos, está fortalecendo uma instituição que esconde seus padres abusadores, que culpa as vítimas - sobretudo as mulheres - pelo crime que elas sofreram, uma instituição que se mantém em uma grande ambigüidade ao proferir a fé cristã e, ao mesmo tempo, para salvar sua imagem, não tem coragem de assumir as próprias contradições.

O governo brasileiro deveria governar para todos/as os/as cidadãos/ãs, respeitar a laicidade do Estado e cumprir sua missão de governo, seguindo a constituição e não uma instituição religiosa - que inclusive agora se vê sem nenhuma autoridade moral -, o que não contempla os direitos de todos/as.


Fonte: http://catolicasonline.org.br/ExibicaoNoticia.aspx?cod=764

quarta-feira, 12 de maio de 2010


Lançada campanha pela valorização e respeito das trabalhadoras domésticas.

A campanha é composta por três spots de rádio e tem por objetivo reconhecer os direitos dessas trabalhadoras .

A valorização e o respeito das trabalhadoras domésticas é o mote principal da nova campanha de rádio lançada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), pelo Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM) e pela Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (FENATRAD), com apoio das Secretarias de Políticas para as Mulheres (SPM) e de Políticas de Promoção de Igualdade Racial (Seppir).

Foram produzidos três spots de rádio com depoimentos da presidente da FENATRAD, de um empregador e de uma trabalhadora doméstica. O seu conteúdo pode ser reproduzido em rádios comerciais, comunitárias, de empresas e de outras instituições.
Apesar do reconhecimento oficial como ocupação e dos direitos assegurados em lei, o trabalho doméstico é um trabalho pouco regulamentado e cujas caracteríticas se afastam da noção de trabalho decente: um trabalho adequadamente remunerado, exercido em condições de liberdade, equidade e segurança e que assegure uma vida digna a trabalhadores, trabalhadoras e suas famílias.

No Brasil, o trabalho doméstico é a ocupação que agrega o maior número de mulheres,segundo os últimos dados disponibilizados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE, em 2008. A categoria das trabalhadoras domésticas representava 15,8% do total da ocupação feminina, o que correspondia, em termos numéricos, a 6,2 milhões de mulheres. O maior contingente era o das mulheres negras: as domésticas eram 20,1% das mulheres negras ocupadas. Para o conjunto formado por mulheres brancas, amarelas e indígenas, o trabalho doméstico correspondia a cerca de 12,0% do total da sua ocupação.

Apesar de empregar um número significativo de mulheres, o trabalho doméstico no Brasil é caracterizado pela precariedade: em 2008, somente 26,8% do total de trabalhadores/as domésticos/as tinham carteira de trabalho assinada. Entre os 73,2% que não possuíam vínculo formal de trabalho, as trabalhadoras negras correspondiam a 59,2%, e as mulheres não-negras eram 35,6%, os homens não-negros eram 1,8% e os homens negros somavam 3,4%. Entre as mulheres negras que são trabalhadoras domésticas 76,0% não tinham, em 2008, carteira assinada. Esse percentual é de 71,5% entre as mulheres não-negras e de 62,6% e 53,4% para os homens negros e não-negros, respectivamente.

Além de não permitir acesso a diversos direitos trabalhistas assegurados pelo vínculo formal, a inexistência de carteira de trabalho assinada faz com que um enorme contingente de trabalhadoras/es domésticas/es aufira baixíssimos níveis de rendimento – inclusive abaixo do salário mínimo. Entre as/os domésticas/os com carteira assinada o rendimento médio mensal era de R$ 523,50 e entre aqueles/as sem carteira este era de apenas R$ 303,00 – 27,0% abaixo do salário mínimo vigente em setembro de 2008 (R$ 415,00). Entre as trabalhadoras domésticas negras a situação era ainda mais precária: o rendimento médio daquelas que estavam na informalidade era de R$ 280,00 – o equivalente a apenas 67,4% do salário mínimo.
O trabalho doméstico é uma ocupação na qual as questões de gênero e raça se entrelaçam e se fortalecem mutuamente. Por ser realizado dentro das casas, o trabalho doméstico é entendido não como uma profissão, mas como um desdobramento das tarefas de cuidado que as mulheres tradicionalmente realizam em seus lares de forma não remunerada. Além disso, é uma ocupação cujas raízes se localizam em formas de servidão que marcaram a história mundial. Estas noções contribuem para o tratamento desigual e muitas vezes abusivo conferido às trabalhadoras domésticas. Não respondem ao entendimento atual com relação ao papel desempenhado pelo trabalho doméstico no mundo contemporâneo como elemento fundamental para a perpetuação das sociedades e para o funcionamento dos mercados de trabalho em escala mundial.

Valorizar o trabalho doméstico, portanto, é contribuir para uma sociedade mais justa e igualitária, com trabalho decente para mulheres e homens .

terça-feira, 11 de maio de 2010

Semana do Serviço Social 2010



“Movimentos sociais, trabalho e exercício profissional”






11 a 13 de maio de 2010



APRESENTAÇÃO

A Semana de Serviço Social é um evento de socialização e troca de saberes em comemoração ao dia do Assistente Social (15 de maio). Ela envolve a comunidade acadêmica, órgãos de representação da profissão, movimentos sociais, profissionais da área de Serviço Social e de outras áreas afins.



OBJETIVO

- Comemorar o dia do Assistente Social e contribuir na campanha nacional do CFESS, cujo tema é “trabalho com direitos, pelo fim das desigualdades”
- Subsidiar o debate acerca da realidade social na contemporaneidade;
- Possibilitar a socialização das produções dos professores, estudantes e profissionais.


PROGRAMAÇÃO

11/05 (TERÇA-FEIRA)
8:30h - Mesa de Abertura
9:00h - Conferência: “Trabalho, Direitos e Mulheres”
Profa. Dra. Chiara Saraceno
Local: Auditório da Reitoria – UFSC
18:30h - Conferência: “Trabalho e lutas sociais no contexto da mundialização do capital”
Prof. Dr. Giovanni Alves
20:30h – Lançamentos de livros
Local: Auditório da Reitoria – UFSC

12/05 (QUARTA-FEIRA)
8:30h – Comunicações Orais e/ou Mesas Temáticas Organizadas pelos Núcleos
Local: Salas de Aula e Auditório do CSE – UFSC
18:30h – Comunicações Orais e/ou Mesas Temáticas Organizadas pelos Núcleos
Local: Salas de Aula e Auditório do CSE – UFSC

13/05 (QUINTA-FEIRA)

8:30h - Mesa Redonda: O cenário contemporâneo dos movimentos sociais.


INFORMAÇÕES
Fones: (48) 3721-9540 – (48) 3721-9297
ORGANIZAÇÃO
- Curso de Graduação em Serviço Social
- Programa de Pós-Graduação em Serviço Social
- Programa Educação Tutorial - PET-Serviço Social
- Conselho Regional de Serviço Social - CRESS

ATIVIDADE DE EXTENSÃO do MOSCOPSS e NUSSERGE:

Mesa Temática: Serviço Social, Movimentos Feministas e Relações de Gênero.

Expositora: Profa. Dra. Teresa Kleba Lisboa (DSS / UFSC)
Debatedora: Assistente Social da PMF Simone Lolatto, mestre em Serviço Social pela UFSC.
Coordenadora da Mesa: Profa. Dra. Edaléa Maria Ribeiro.
Data: 12/05/2010
Horário: 18h30min. às 22 horas
Local: CSE, Bloco C, Sala 217.

MOSCOPSS – Grupo de Estudo e Pesquisa: Movimentos Sociais Contemporâneos, Políticas Sociais Setoriais e Serviço Social;
NUSSERGE – Núcleo de Estudos e Pesquisas em Serviço Social e Relações de Gênero.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Cordel sobre Violência Doméstica



I
Eu quero denunciar
com verdade e veemência,
esta barreira a nós imposta,
chamada de violência,
que nos fere o corpo,
a capacidade e a decência.
II
Mulher não trabalha fora,
não fala alto nem reclama,
O homem a quer em casa
serviçal, boa de cama.
Ou lhe serve os instintos
ou lhe maltrata e difama!
III
Usam da brutalidade,
para brecar nossa luta.
Prepotentes e violentos,
apelam para a disputa:
<< mulher que trabalha fora,
É vadia e prostituta! >>
IV
A mulher é discriminada
em tudo aquilo que faz.
Na sociedade é rotulada:
bonita, mas incapaz!
Se abre a boca, diz besteira.
Deve servir e nada mais.
V
Calando a mulher consente
no seu brutal sofrimento...
Nunca teve vez nem voz,
tampouco discernimento:
fica à mercê do algoz,
entregue ao recolhimento.
VI
Se presa a um casamento,
limita-se à gestação.
Sofre maus tratos e pancadas:
todo tipo de humilhação!
Se acomoda a uma vida
repleta de insatisfação.
VII
Até por ignorância,
inocência ou temor,
a mulher não se rebela:
- não mostra o seu valor.
Chora sob o travesseiro,
engolindo sua dor.
VIII
A mulher carrega a sina
de não ter uma opação.
Seus olhos revelam medo,
vergonha e submissão.
Perde a sua identidade:
-vive uma encenação!
IX
A encenação chega ao ponto
de tornar-se violência....
Ela, então, espanca os filhos
por não ter mais paciência.
Sobre eles descarrega
uma ira sem clemência!
X
Mulher, seu penar é grande!
Maior sua violação!!
Não tem direitos sequer,
a dar uma opinião.
É objeto de cama e mês,
de injustiça e exploração!
XI
Seu lar, sua casa, seu canto,
é a própria cadeia....
Escravizada e analfabeta:
-completamente alheia!
Dependente dum marido
que lhe humilha e esfaqueia.
XII
<< O homem entende de tudo >,
diz um torto ditado.
A mulher só de cozinha,
de criança e de bordado.
É ele quem trabalha e sua,
prá lhe dar o pão sagrado!
XIII
Este pão dado à mulher,
é pão que o diabo amassa.
è o pão do sofrimento,
da tortura e da desagraça.
Mas, ela temendo o mundo,
d’ outro pão não sai à caça!
XIV
Por causa da sociedade,
teme ser abandonada...
Os vizinhos vão dizer
que ela não valia nada.
Apanhava do marido
por ser desavergonhada!
XV
Pensando assim desse jeito,
seu sofrimento é repetido.
Por medo e insegurança,
se submete ao marido.
Assume toda a culpa,
não quer o lar destruído!
XVI
Ciente disto o homem abusa,
desrespeita a mulher,
a xinga de vagabunda
e usa o sexo como quer.
Se ela não se submete,
leva soco e pontapé!
XVII
E uma vez espancada,
isto se torna rotina.
<< Briga de marido e mulher, ninguém mete a botina!>>
Ele bate e ela aceita:
-tem de cumprir sua sina.
XVIII
Esta sina foi selada
no dia do matrimonio.
Foi criada pra casar:
-fez promessa a Santo Antônio!
Casou-se de véu e grinalda,
hoje vive num pandemônio!
XIX
A encantada cinderela
vê seu castelo desmoronado.
Seu príncipe é um brutal,
um bossal, e um tarado!
O seu sonho de menina,
morre num molho inchado.
XX
Com seus filhos pra criar,
sem dinheiro sem recurso...
Pensa em procurar emprego,
mas não concluiu o curso.
Só sabe coser e lavar:
-este é o seu percurso!
XXI
Ela, então, baixa a cabeça
já cansada e abatida.
Sustenta a dor calada,
machucada e ferida.
Olha seu corpo marcado
chora e maldiz a vida!
XXII
Desse jeito chega ao fim:
-recalcada e oprimida!
Não conheceu seus direitos,
viveu só e desvalida.
Sem saber que havia gente
lutando por sua vida.
XXIII
Agora, chega de violência!
Acabemos com este mal!!
Há um órgão competente,
que tem um só ideal:
-defender nossos direitos,
mostrar que tudo é igual .
XXIV
Para a mulher foi criado,
está pro que der e vier.
Fica na Joaquim Fabrício.
Visite-o quando quiser:
-é o CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA MULHER!

Apresentação do NUSSERGE

Quem Somos
O Núcleo de Estudos e Pesquisas em Serviço Social e Relações de Gênero foi criado no ano 2000 pela Prof.ª Dr.ª Teresa Kleba Lisboa e registrado no Diretório de Grupos do CNPq a partir de 2003.
Configura-se como um espaço de estudos e desenvolvimento de pesquisas sobres as temáticas que envolvem as relações de gênero e suas configurações com a questão social. Ao longo dos últimos cinco anos, o NUSSERGE tem desenvolvido projetos, tanto de Pesquisa como de Extensão, voltados prioritariamente para "mulheres excluídas dos direitos mínimos".
Seu surgimento deveu-se às reflexões sobre a importância e a necessidade de inserir esta discussão no Serviço Social, uma vez que dentre vários motivos, percebe-se que a categoria profissional no Brasil é composta de aproximadamente 95% de mulheres, e principalmente que os usuários atendidos pelas Políticas Públicas e Programas sócio- assistenciais também são predominantemente mulheres
Além disso, questões relacionadas à violência domestica, à feminilização da pobreza, às mulheres chefes de família, aos direitos, reprodutivos, às masculinidades e feminilidades, bem como aquelas relacionadas às perspectivas para a mulher no mercado de trabalho tem se configurado como temas específicos da intervenção profissional do Assistente Social.
Ao longo dos últimos cinco anos, o NUSSERGE tem desenvolvido projetos, tanto de Pesquisa como de Extensão, voltados prioritariamente para “mulheres excluídas dos direitos mínimos”.
O Enfoque das atividades no Núcleo em tela, é centrado na perspectiva da equidade de gênero e tem como pressuposto que gênero é uma categoria relacional entre homens e mulheres, construída historicamente.

Objetivos
Enquanto objetivos, o NUSSERGE procura em suas pesquisas e atividades:
•Contribuir para a construção do conhecimento em Serviço Social articulando os temas gênero, gerações, classe e etnia no âmbito do ensino, pesquisa e extensão;
•Contribuir para o planejamento e execução de políticas públicas que propiciem a conquista da cidadania com vistas ao empoderamento de mulheres bem como a equidade de gênero;
•Pesquisar e participar de projetos que denunciem e combatam todas as formas de violência e discriminação contra mulheres e outros grupos de minorias.

Linhas de pesquisa

No que se refere às linhas de pesquisa, o NUSSERGE define-as de forma a relacionar três dimensões de sua pesquisa, as quais são:
1.Junto à Capes/ CNPq: Gênero, Gerações e Redes de Sociabilidade, bem como Processos de constituição de identidade.
2.Junto ao Programa de Pós- Graduação em Serviço Social: Serviço Social, Exclusão, Violência e Cidadania.
3.E já em termos de suas linhas gerais de pesquisa elenca:
•Cidadania e Equidade de Gênero
•Gênero e Políticas Públicas
•Famílias Pobres Chefiadas por Mulheres
•Serviço Social e Direitos Reprodutivos
•Serviço Social e Violência contra a mulher
•Gênero, Trabalho e Terceirização
•Gênero e Propostas de Economia Solidária
•Gênero, Pobreza e Necessidades Básicas
•Gênero e Gerações
•Empoderamento e Cidadania
•Construção de Identidades: Gênero, Classes e Etnia