terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Dados demonstram vulnerabilidade das mulheres diante do HIV/Aids


Como reflexão em torno do Dia Mundial de Luta contra a Aids, 1º de dezembro, a organização
feminista Flora Tristán organizou dados de várias pesquisas no Peru que demonstram a
vulnerabilidade das mulheres diante do HIV/Aids. Questões relacionadas à anatomia, mas
fundamentalmente aos valores machistas, contribuem para a feminização da Aids no país.

De acordo com o material, em 1986, três anos após o registro do primeiro caso de Aids no Peru, para cada mulher infectada pelo HIV havia nove homens na mesma situação. Hoje, para cada mulher, há três homens com o vírus.

Para a organização, a desigualdade de gênero e o machismo contribuem para a aceleração dadisseminação do HIV/Aids entre a população feminina. "Ambos os fatores limitam a capacidade das mulheres, por exemplo, para negociar práticas sexuais seguras, como o uso contínuo depreservativos, principalmente quando as relações sexuais se dão no marco de uma relação de casal considerada estável”, pontuam, acrescentando que isso se evidencia mesmo quando se suspeita que o parceiro tenha posturas sexuais de risco ou para lhe exigir um exame que detecta HIV ou outras DSTs.

Há situações ainda mais complicadas, como as de violência sexual. Neste contexto, é quase
impossível negociar as relações sexuais e o uso do preservativo, assinalam as feministas. De acordo com pesquisa sobre saúde familiar do Instituto Nacional de Estatística e Informática, 22,4% das mulheres entre 40 e 49 anos foram obrigadas, alguma vez, a ter relações sexuais com o esposo ou companheiro. 14% foram obrigadas a manter relações sexuais que não desejavam.
Somada a essa conjuntura de violência sexual, inclusive dentro do matrimônio, vem o fato de a
anatomia feminina representar maior facilidade de infecção. Como informa o texto de Flora Tristán, o risco para as mulheres, em uma relação vaginal desprotegida, é de 2 a 4 vezes mais grave do que para o homem – a zona de exposição ao vírus durante a relação sexual é maior para as mulheres, além de que a carga viral é maior no sêmen do que nas secreções vaginais.

Para as adolescentes a situação é ainda mais perigosa, uma vez que o colo do útero tende a ser
imaturo e as paredes da vagina são menos grossas. As mulheres na menopausa também se tornammais expostas, pois a superfície da vagina tende a se tornar mais fina.Consideradas um grupo de baixo risco, as mulheres acabam sendo deixadas em segundo plano quando o assunto são políticas de prevenção ao HIV/Aids. Contudo, a feminização da doença e estimativas de novos casos mostram que já é preciso modificar essa visão, principalmente com relação a mulheres heterossexuais e monogâmicas.

O Estudo de Estimativa da incidência do HIV aplicando o modelo de Modos de Transmissão para
epidemias concentradas prevê que do total de novos casos de infecções, 43% serão entre
heterossexuais. Desta porcentagem, 15% são heterossexuais pertencentes ao grupo de baixo risco e 18% são as mulheres cujos parceiros são clientes de profissionais do sexo, dos homens que fazem sexo com homens (HSH) ou são usuários de drogas injetáveis.

Uma das maneiras de resguardar as mulheres seria investir em informação e na disponibilização ampla, por parte do Estado, de preservativos femininos, que atualmente não são encontrados nem em postos de saúde nem no mercado.

"As estatísticas demonstram que as mulheres de todas as idades usam o preservativo em uma baixa porcentagem quando têm relações sexuais com o esposo ou companheiro. As adolescentes e as mulheres entre 40 e 49 anos são as que menos usam este método de proteção”, adverte.

Ainda segundo o órgão, 0,6% da população peruana tem HIV, mas a infecção é considerada
concentrada, pois entre os grupos dos HSH, 10% convivem com o vírus e entre os travestis a
porcentagem chega a 40%. A maioria dos casos está nas cidades e departamentos mais urbanizados, na costa e na selva peruana – Lima e Callao concentram 73% das ocorrências.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

JOGADOR DE FUTEBOL AMERICANO E FEMINISTA


O ex-jogador de futebol americano Don McPherson se apresenta como feminista. Em várias de suas palestras, ele diz que é feminista faz tempo: “Prestamos um desserviço aos homens quando dizemos pra eles que são menos homens por se importarem com assuntos de gênero”.
Entre outras coisas, Don sempre fala de violência doméstica, e insiste que os homens precisam parar de fingir que o tema não é com eles. Afirma ele: “Não criamos meninos para serem homens. Criamos meninos para não serem mulheres ou homens gays”.
E adorei esta parte (minha tradução) de um de seus discursos. Ele descreve como uma relação sexual hétero é vista pela sociedade (e isso que os americanos não adotam termos ridículos como dar e comer, que torna as mulheres invariavelmente passivas, já que mulheres dão, homens comem):
É assim que sexo é apresentado para meninos – não é intimidade, não é a parte do carinho ou a parte igualitária que tiramos, é algo que fazemos ao outro. Criamos mulheres para sobreviver numa cultura de estupro, porque criamos mulheres que sabem dessas coisas. Não fazemos nada para falar com os homens sobre estuprar. Mas falamos com as mulheres para elas se protegerem, o que faz com que coloquemos a culpa nas mulheres quando algo acontece. 'Bem, você não sabia que não devia ter feito isso? Você não sabia que não podia usar aquele vestido? Ou você não sabia que não podia andar naquela rua naquela hora da noite?'
Pois é, em vez de educar meninas para não serem estupradas, que tal educar meninos para não estuprarem?

E que tal se mais homens fossem feministas?

.

Fonte: http://escrevalolaescreva.blogspot.com/

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Brasil avança na igualdade de gênero, mas é o penúltimo entre sul-americanos

bannersgenderreport300_wef_folhasp(Folha de S.Paulo/O Globo) O Brasil tem hoje uma presidente mulher e o rendimento do trabalho feminino vem aos poucos aumentando, mas o país continua mal posicionado no ranking mundial da igualdade entre homens e mulheres. Segundo a lista divulgada pelo Fórum Econômico Mundial, na América Latina só o Suriname está pior que o Brasil.

O Brasil subiu três posições no ranking de igualdade entre os sexos, mas continua na parte de baixo da tabela composta por 135 países, ocupando a 82ª posição. Entre os chamados "Brics" (Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul), a Índia é o país com o pior desempenho. O relatório "Gender Gap 2011" - que mede as disparidades na remuneração de trabalhadores dos sexos masculino e feminino, além de uma série de outros indicadores sociais, como acesso à educação e à saúde - mostra que 85% dos países avançaram em termos de igualdade nos últimos seis anos.
The Global Gender Gap Report 2011
The Global Gender Gap Report 2011: Rankings and Scores

Em parte a melhora da posição brasileira deve-se à eleição da presidenta Dilma Rousseff e à oscilação positiva na renda das mulheres em comparação com a dos homens que exercem a mesma função.

Paradoxalmente, é na atuação política que o Brasil apresenta seu pior desempenho: fica em 114º - apenas 21 países são piores; a maioria deles, islâmicos.

"A participação das mulheres na força de trabalho [no Brasil] ainda é de 64%, abaixo da dos homens (85%). E elas são só 36% dos legisladores, autoridades públicas de primeiro escalão e gerentes", afirma o documento. "O que elas ganham ainda está abaixo de dois terços da renda dos homens; e no Congresso, são apenas 9%."

O Brasil vai bem nos quesitos acesso à saúde e expectativa de vida e fica no meio da lista em educação (66º) e em oportunidade econômica (68º).


Fonte: http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2257:02112011-brasil-avanca-na-igualdade-de-genero-mas-e-o-penultimo-entre-aul-americanos&catid=44:noticias



.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

“MEU CASO VIROU MINHA CAUSA”



Muito boa a reportagem do Fantástico sobre o caso de Rhanna, a estudante de Direito que teve o braço quebrado numa boate em Natal. A matéria, que você pode ver aqui, diz claramente: a abordagem masculina tem se tornado cada vez mais violenta. É banal um rapaz chegar pra uma moça numa balada e pegar no seu cabelo, no seu braço, na sua cintura, e tentar beijá-la à força. Quem lhes deu esse direito?

Ontem à noite recebi por e-mail um texto que vem percorrendo o Facebook. Tentei entrar em contato com Dani, a moça que o escreveu, para pedir autorização para publicar seu relato aqui no blog, mas, como não obtive resposta, vou só descrever o que ela conta e colocar um trecho (o resto, pra quem tem Facebook, pode ser lido aqui). Ela foi a uma boate em Belo Horizonte ver o cover de uma banda. Um rapaz bombado tentou beijá-la à força, ela recusou, ele então apertou sua bunda, ela disse que iria chamar o segurança, ele a chamou de lésbica, apertou seu braço, pôs a mão por baixo de seu vestido e a tocou, jogou energético em cima dela. Enquanto ela foi atrás do segurança, ele sumiu. E reapareceu, dizendo que mulheres tatuadas são lésbicas ou p*tas (tá parecendo mascus, que em geral são misóginos, violentos, covardes, marombados, e chamam tatuagem de “carimbo de p*ta”). O segurança falou com os dois e decidiu não fazer nada. Apareceu outro que igualmente liberou o agressor. Ela foi falar com o dono da boate, que a aconselhou a se divertir, e ainda lhe desafiou: “pode chamar a polícia”.

Dani, revoltada, pergunta: “Até quando vai ser assim? Até quando as mulheres serão obrigadas a conviver com a violência? Até quando a nossa palavra não terá validade? O que sofri foi uma violência que me lesou em todos os aspectos! Fui desrespeitada por todos os homens que procurei para pedir ajuda. Sinal que todos são capazes da mesma atrocidade. Para eles, não foi nada de mais!” Dani diz que vai processar o estabelecimento.

E ela repete o que tantas moças, assustadas com essa violência, esse sentimento masculino de entitlement (merecimento), dizem: que é melhor ir a boates gays, porque lá são respeitadas. Lá os homens não dão em cima agarrando, ou “partindo pro abate”, no linguajar dos mascus.

Uma das leitoras que me mandou o e-mail disse que seu pai veio lhe perguntar o que era isso “da moça que teve o braço quebrado”. Ela contou, e o pai não conseguiu acreditar que um sujeito deu um golpe que quebrou o braço de uma menina só porque ela lhe disse não. Pra esse pai, devia ter mais coisa aí (assim como para o estudante de Direito e amigo da Hellen, que escreveu o guest post de ontem). Acho que a reação do pai da leitora é comum. Os homens parecem não fazer a menor ideia do mundo em que vivem as mulheres. Um mundo em que qualquer mulher sozinha é considerada à disposição e, portanto, não têm o privilégio de escolher, ou de negar, companhia. Um mundo em que uma mulher passa de objeto de desejo à p*ta (que merece ser agredida) em questão de segundos. Um mundo em que existe toda uma estrutura pra passar a mão na cabeça desses machinhos, que só estão agindo assim por instinto, e porque têm certeza que, no fundo, mulher gosta mesmo é de “pegada”.

Rhanna, a moça de Natal que será advogada, disse uma frase linda: “Meu caso virou minha causa”. Em outra ótima entrevista, esta à Tribuna do Norte, ela diz que não tem medo e que vai fazer a sua parte para combater a violência contra a mulher. Parabéns a ela e a Dani, que optaram por não se calar e a lutar contra seus agressores. O caso delas, e de tantas outras, reflete a velha história de sempre: homens lembrando mulheres que lugares públicos não são pra elas. Só pra eles.


Fonte: http://escrevalolaescreva.blogspot.com/

.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

E a polêmica da propaganda da Hope continua...

A opinião de um homem que também se sente discriminado....

(Folha de S.Paulo) Fausto Rodrigues de Lima, promotor de Justiça do Distrito Federal e coautor do livro "Violência Doméstica - A Intervenção Criminal e Multidisciplinar", escreve sobre a polêmica campanha publicitária "Hope ensina". No artigo, o promotor destaca o aspecto discriminatório aos homens presente na campanha. Leia trechos selecionados:

"Para gastar todo o dinheiro do marido e conseguir sua compreensão, a mulher brasileira precisa lhe conceder sexo. O ensinamento de uma campanha da lingerie Hope, protagonizada por Gisele Bündchen, causou justa indignação a ponto de a Secretaria de Políticas para as Mulheres pedir sua suspensão."
"Essa e outras manifestações sexistas escamoteiam faceta pouca explorada: o homem também é discriminado. Ora, para a campanha referida, o marido ideal precisa ser o provedor; caso contrário, não pode ter uma mulher linda e disponível para o sexo. Como um cão no cio, necessita de sexo a todo momento e a todo custo. Não deve se importar com a satisfação da parceira; basta que ela finja prazer."
"Nós, homens do século 21, somos seres pensantes. Não queremos prover ninguém, almejamos unir esforços. Se por acaso nossa renda for insuficiente ou nula, que nos respeitem. Gostamos, sim, de sexo, mas não pensamos nisso 24 horas por dia. Nos interessa o futebol mas também o balé, a música, a arte, a poesia. E choramos, sim."
"Por isso, pedimos ao Conar que suspenda a propaganda da Hope e outras ridículas, não só por ofenderem nossas mães, filhas e esposas, mas por nos agredirem profundamente enquanto homens."

Fonte: http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2150:05102011-buendchen-tambem-discrimina-os-homens-por-fausto-rodrigues-de-lima-folha&catid=44:noticias

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

28 de Setembro dia de luta para a Descriminalização do Aborto na América Latina!


Educação sexual para decidir, anticoncepcionais para não abortar, aborto legal para não morrer. É com esse lema que organizações feministas latino-americanas e caribenhas celebram o 28 de setembro, escolhido como o Dia pela Descriminalização do Aborto na América Latina e no Caribe.

A proibição do aborto na maioria dos países da região não impede que as mulheres recorram à prática para interromper uma gravidez indesejada. De acordo com informações da Rede Feminista de Saúde, mais de quatro milhões de mulheres latino-americanas e caribenhas abortam a cada ano e cerca de seis mil mulheres morrem todos os anos em decorrência da prática do aborto inseguro.

Além do problema de saúde pública, a Campanha ainda considera o aborto como uma questão de direitos humanos e de democracia, em que a mulher tem o direito de decidir sobre a gravidez.

Ao mesmo tempo, as organizações ligadas à Campanha também defendem o Estado laico e apontam a descriminalização do aborto como uma questão de justiça social, já que quem mais sofre com o aborto inseguro é a mulher pobre.

Alguns países da região continuam a proibir todos os tipos de aborto, inclusive o terapêutico, praticado quando a grávida corre risco de perder a vida. É o caso de Nicarágua, El Salvador, Chile e República Dominicana.


Fonte: http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2130:27092011-dia-28-de-setembro-data-reforca-luta-pela-descriminalizacao-do-aborto-na-regiao&catid=40:noticias

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Antes tarde do que nunca?

As mulheres da Arábia Saudita poderão votar e se candidatar em eleições pela primeira vez desde que a monarquia al-Saud instalou-se no poder, há 88 anos. A medida foi anunciada ontem pelo rei Abdullah bin Abdulaziz al-Saud e valerá a partir de 2015 - excluindo a votação da próxima semana. A decisão é uma tentativa de reduzir a pressão popular que aumentou com as revoltas em outros países árabes e foi celebrada por ativistas, que aguardam há anos outros avanços, como o direito de dirigir, trabalhar, viajar ou passar por algumas cirurgias médicas sem a permissão de um homem da família.

Em discurso transmitido pela TV, o rei Abdullah afirmou que "se recusa a marginalizar as mulheres na sociedade e em todos os papéis que cumprem".

"Apesar da eficácia questionada dos conselhos, o envolvimento das mulheres é necessário. Talvez depois haja outras mudanças", disse Naila Attar, que organizou a campanha pelo direito das mulheres ao voto.

A escritora Wajeha al Huwaider também elogiou a iniciativa do rei. "A voz da mulher finalmente será ouvida", disse. "Agora é hora de quebrar outras barreiras, como as proibições de dirigir e trabalhar, e de viver uma vida normal, sem homens guardiões", completou.


Fonte: http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2126:26092011-mulheres-sauditas-ganham-direito-de-votar&catid=42:noticias

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Oportunidades iguais para mulheres aumenta produção, diz Banco Mundial

(Folha de S.Paulo/Terra) Se as mulheres não fossem discriminadas no mercado de trabalho, a produtividade subiria até 25%. É o que revela estudo do Banco Mundial (Bird), que aponta que a igualdade de gênero não é por si só importante, mas também faz parte de uma política econômica inteligente.

Segundo o estudo, se homens e mulheres tivessem oportunidades iguais para obter um emprego, a produtividade em nível mundial poderia apresentar um crescimento entre 3% e 25%. Na América Latina, o aumento da produtividade poderia chegar a 16%.

"A mensagem principal é a de que a igualdade de gênero não só é importante por si mesma mas também faz parte de uma política econômica inteligente", diz Ana Revenga, uma das autoras da pesquisa divulgada em relatório do Banco Mundial sobre igualdade de gênero e desenvolvimento.

Com base em pesquisas realizadas por diversos pesquisadores autônomos e organismos internacionais nas últimas décadas, o documento intitulado Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial de 2012 indica que as mulheres continuam sendo as maiores responsáveis pelas atividades domésticas e ainda enfrentam discriminação em determinados nichos de trabalho vistos como "tipicamente masculinos". Assim, elas se tornaram maioria no mercado informal e são empregadas com maior frequência em atividades de menor remuneração.

mulheresmerctrabalho600_bird2010_folhasp
"As mulheres são condicionadas a aceitar esses lugares que garantem menos direitos trabalhistas porque não conseguem entrar em outros mercados de trabalho, principalmente porque precisam compatibilizar as tarefas do lar com as tarefas produtivas", avalia Télia Negrão, coordenadora da Rede Nacional Feminista de Saúde.
Para ela, a principal forma de interromper o ciclo se dá por políticas públicas. O investimento do governo na construção de creches e escolas e na implementação de programas de planejamento familiar são algumas alternativas apontadas.

Desigualdade também se reproduz no meio rural

Igualmente, dados da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) apontam que a produção agrícola em países em desenvolvimento aumentaria até 4% se homens e mulheres tivessem o mesmo acesso a crédito e insumos.

Em 2002, segundo o relatório, as mulheres possuíam menos de 11% das propriedades de terra no Brasil.

Mudanças sociais acontecem mais rápido, mas não garantem igualdade

Apesar dos obstáculos, o relatório aponta avanços expressivos: nos últimos 30 anos, mais de 500 milhões de mulheres foram incorporadas ao mercado de trabalho.

"Um dos fenômenos mais notáveis é o aumento massivo da matrícula universitária através do mundo. Para os homens, ela foi multiplicada por quatro nas últimas duas décadas. Para as mulheres, foi multiplicado por sete", afirma Ana Revenga.

De acordo com o Banco Mundial, entre os principais motivos para esse rápido crescimento estão programas de transferência de renda, maior incentivo à educação e crescimento econômico continuado. "No caso do Brasil, há um destaque para o crescimento econômico em diferentes classes da sociedade", ressaltou Ana Revenga.

Mas o relatório do pelo Banco Mundial alerta também que políticas voltadas para o crescimento econômico e para o aumento da renda de um país, por si só, não reduzem as desigualdades de gênero. Dados indicam que as mulheres têm maior probabilidade de morrer, em relação aos homens, em países de baixa, média e alta renda.

Por fim, o documento destaca que, em muitos países, as mulheres têm menor participação ativa nas decisões e menos controle sobre os recursos da família, além de participarem menos da política formal e de serem sub-representadas em escalões superiores.


Fonte: http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2108&catid=44

.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Absolvição do aborto entrou no mercado em Madri


30/08/2011
por Leonardo Boff

Um Papa não pode perder dignidade nem colocar os serviços da Igreja à disposição do mercado. Pois foi o que ocorreu em Madri por ocasião do encontro internacional do Papa com os jovens. Mulheres que cometeram aborto,presentes no encontro, ganhavam o perdão e de lambuja ainda uma indulgência plenária. Bastava estar lá e se confessar nos 200 confessionarios na Praça do Retiro. As coisas deixaram de ser sérias e voltamos ao tempo medieval em que se vendiam perdões e indulgências a quem podia pagar, como estas mulheres que puderam pagar suas passagens e estar em Madri. E as demais milhões de mulheres do mundo inteiro? Ivone Gebara é teóloga,tempos atrás também submetida como eu “ao silêncio obsequioso”, por criticar a insensibilidade da moral católica face ao sofrimento humano, especialmente em questões de sexualidade e agora contra os dois pesos e as duas medidas face à questão do aborto. Trabalha no Recife em meios populares pobres e sabe dos padecimentos das mulheres, além de escrever teologia com rigor e em tom de profecia. Aqui vai o artigo-protesto dela com a qual me solidarizo. LB

DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS:O PAPA PERDOA ABORTO EM MADRI

fonte: http://www.ciranda.net/fsm-dacar-2011/article/dois-pesos-e-duas-medidas-o-aborto

quarta-feira 24 de agosto de 2011, por Ivone Gebara

É com muito constrangimento que muitas mulheres católicas leram a notícia publicada em vários jornais nesse último final de semana de que a Arquidiocese de Madri com aprovação papal autorizou a concessão do perdão e indulgência plenária às mulheres que confessarem o aborto por ocasião da visita do papa. A impressão que tivemos é que o papa, o Vaticano e alguns bispos gostam de brincadeiras de mau gosto com as mul heres. Não sabemos em que mundo esses homens vivem, quem pensam que são e quem pensam que somos!

Primeiro, concedem o perdão a quem pode viajar para assistir a missa do papa e passar pelo “confessionódromo” ou pelo conjunto de duzentos confessionários brancos instalados numa grande Praça pública de Madri chamada “Parque do Retiro”. O perdão deste “pecado” tem local, dia e hora marcada. Custa apenas uma viagem a Madri para estar diante do papa! Quem não faria o esforço para tão grande privilégio? Basta ter dinheiro para viajar e pagar a estadia em algum hotel de Madri que o perdão poderá ser alcançado. Por isso nos perguntamos: que alianças a prática do perdão na Igreja tem com o capitalismo atual? Como se pode viver tal reducionismo teológico e existencial? Quem está tirando benefícios com esse comportamento?

Segundo, têm o desplante de afirmar que o perdão deste “crime hediondo” como eles costumam afirmar, é dado apenas por ocasião da visita do papa para que nessa mesma ocasião as fiéis pecadoras obtenham “os frutos da divina graça” confessando o seu pecado. – Como entender que uma falta é perdoada apenas quando a autoridade máxima está presente? Não estariam reforçando o velho e decadente modelo imperial do papado? Quando o Imperador está presente tudo é possível até mesmo a expressão da contradição em seu sistema penal.

Não quero retomar os argumentos que muitas de nós mulheres sensíveis às nossas próprias dores temos repetido ao longo de muitos anos numa breve reflexão como esta. Mas esse acontecimento papal madrilenho, infelizmente, só mostra mais uma vez, um lado ainda bastante vivo no Vaticano, ou seja, o lado das querelas medievais em que questões absolutamente sem peso na vida humana eram discutidas. E mais, demonstra desconhecer as dores femininas, desconhecer os dramas que situações de violência provocam em nossos corpos e corações.

Ao conceder o perdão ao “crime” do aborto na linguagem que sempre usaram, de forma elitista revelam o rosto ambíguo da instituição religiosa capaz de ceder ao aparato triunfalista quando sua credibilidade está em jogo. Podem abençoar tropas para matar inocentes, enviar sacerdotes como capelães militares em guerras sempre sujas, fazer afirmações públicas em defesa da instituição condenando pobres e oprimidas, abrir exceções à regra de seus comportamentos para atrair jovens alienados dos grandes problemas do mundo ao rebanho do Papa. A lista dos usos e costumes transgressores de suas próprias leis é enorme…

Por que reduzir a vida cristã a pão e circo? Por que dar um espetáculo de magnanimidade em meio a corrupção dos costumes? Por que criar ilusões sobre o perdão quando o dia a dia das mulheres é cheio de perseguições e proibições às suas escolhas e competências?

Somos convidadas/os a pensar no aspecto nefasto da posição do papa e dos bispos que se aliaram a ele. O papa não concedeu perdão e indulgência total ou plena “urbe et orbe”, i sto é, para todas as mulheres que fizeram aborto, mas apenas àquelas que se confessaram naquele momento preciso e por ocasião da visita do papa à Espanha. Não é mais uma vez a utilização das consciências especialmente das mulheres para fins de expansionismo de seu modelo perverso de bondade? Não é mais uma vez abrir concessões obedecendo a uma lógica autoritária que quer restaurar os antigos privilégios da Igreja em alguns países europeus? Não é uma forma de querer comprar as mulheres confundindo-as diante da pretensa magnanimidade dos hierarcas?

Será que as autoridades constituídas na Igreja Católica e de outras Igrejas são ainda cristãs? São ainda seguidoras dos valores éticos humanistas que norteiam o respeito a todas as vidas e em especial à vida das mulheres?

Creio que mais uma vez somos convocadas/os a expressar publicamente nosso sentimento de repúdio à utilização da vida de tantas mulheres como pretexto de magnanimidade do coração papal. Somos convidada s/os a tornar pública a corrupção dos costumes em todas as nossas instituições inclusive naquelas que representam publicamente nossas crenças religiosas. Somos convidadas/os a ser o corpo visível de nossas crenças e opções.

Fazendo isso, não somos melhores do que ninguém. Somos todas pecadoras e pecadores capazes de ferir uns aos outros, capazes de hipocrisia e mentira, de crueldade e crueldade refinada. Mas, também somos capazes de dividir nosso pão, de acolher a abandonada, de cobrir o nu, de visitar o prisioneiro, de chamar Herodes de raposa. Somos essa mistura, expressão de nosso eu, de nossos deuses, dos espinhos em nossa carne convidando-nos e convocando-nos a viver para além das fachadas atrás das quais gostamos de nos esconder.

*A teóloga IVONE GEBARA é doutora em Filosofia pela Universidade Católica de São Paulo e em Ciências Religiosas pela Universidade Católica de Louvain, na Bélgica. 21 de agosto de 2011.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Quem é a submissa?



Mulheres asiáticas estão evitando casamento por causa do machismo


(O Globo) O machismo virou problema econômico. A jornalista Miriam Leitão comenta matéria publicada na revista "The Economist" sobre o movimento das mulheres asiáticas de fuga do casamento, que, de acordo com o artigo, representa uma queda mais rápida da população e envelhecimento ainda mais rápido, criando dificuldades maiores ao sistema previdenciário. Veja trechos abaixo:

"As mulheres asiáticas, que estão no mercado de trabalho e trabalham dez vezes mais em casa que seus maridos, estão fugindo do casamento e não tendo filhos."

"Um terço das mulheres nos seus trinta e poucos anos na Ásia não se casaram; e no Japão 21% delas encerraram o período reprodutivo sem se casar. Em Tóquio, a taxa chegou a 30%. Em Cingapura, 27% das mulheres com curso superior entre 40 e 44 anos não se casaram. Essas taxas estão subindo também na Tailândia, Coreia e até na China, entre mulheres mais escolarizadas e com renda maior. Lá, não casar significa, na maioria das vezes, não ter filhos.

No Ocidente, é alta a taxa de crianças nascidas fora do casamento tradicional. Na Suécia, 55% das crianças nascidas em 2008 foram fora do casamento; na Islândia, 66%. Na Ásia, a média é 2%.

O problema é que a carga a se carregar no casamento é pesada demais para uma asiática, diz a revista. Uma mulher asiática que trabalhe 40 horas semanais tem, em média, mais 30 horas de trabalhos domésticos. Os homens dedicam, em média, 3 horas a esse serviço. Além disso, considera-se que a mulher é responsável pelo cuidado não só das crianças mas também dos idosos da família. Normalmente, a mulher por lá é responsável pelos cuidados do sogro e da sogra. Por isso, muitas asiáticas, principalmente as de alta escolaridade, estão preferindo apostar na carreira.

Na Índia e China, há outro problema: o aborto seletivo que impede o nascimento de meninas. Em 2050, haverá nestes dois países 60 milhões de homens a mais que mulheres em idade de se casar, diz a "Economist".

Veja a coluna na íntegra: Noivas em fuga, por Miriam Leitão (O Globo - 28/08/2011)


Fonte: http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2045:27082011-severina-absolvida-folha&catid=43:noticias

.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

ONU condena Brasil por violar direitos de grávida

(O Estado de S. Paulo) O Brasil foi condenado pela Organização das Nações Unidas (ONU) por violar direitos humanos de grávidas. O caso que levou a essa decisão - divulgada pelo Comitê para Eliminação da Discriminação contra Mulheres (Cedaw) - é o da brasileira Alyne Silva Pimentel, de 28 anos, moradora da Baixada Fluminense (RJ), que morreu em novembro de 2002, no sexto mês de gestação, cinco dias após dar entrada em um hospital público com sinais de gravidez de alto risco e não receber atendimento apropriado.

"A Justiça no Brasil nunca deu resposta. O caso chegou à ONU em 2007 e hoje saiu a decisão. O resultado é uma vitória do Brasil e do mundo, já que é o primeiro caso de mortalidade materna analisado internacionalmente", explica Lílian Sepúlveda, vice-diretora do Center for Reproductive Rights, organização que promove os direitos reprodutivos das mulheres no mundo e levou o caso ao Comitê da ONU. Leia documento divulgado pelo Center for Reproductive Rights

A decisão estabelece que o governo brasileiro deve: indenizar a família de Alyne, além de garantir o direito das mulheres aos cuidados obstetrícios de emergência, oferecer formação profissional adequada aos profissionais da saúde e punir aqueles que violarem os direitos reprodutivos das mulheres.

"A decisão é importante, pois combate uma múltipla discriminação, já que Alyne era mulher, negra e pobre", completa Lilian.

Números impactantes
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), apesar de ter reduzido a taxa de mortalidade materna na última década, o Brasil ainda é responsável por cerca de 20% das mortes de grávidas que ocorrem todos os anos na América Latina e no Caribe. Brasileiras afrodescendentes, indígenas e mulheres solteiras vivendo nas regiões mais pobres são proporcionalmente as mais afetadas pela mortalidade materna.

Entenda o caso

12 de novembro de 2002 - Alyne Pimentel Teixeira, grávida de seis meses, chegou à Casa de Saúde Nossa Senhora da Glória, em Belford Roxo, no Rio. Com náuseas, voltou para casa com a prescrição de um remédio. Retornou no dia seguinte ao local e foi internada. Uma ultrassonografia mostrou que o feto estava morto e o parto foi induzido. Dois dias depois, a família foi informada de que Alyne tinha hemorragia e não conseguia respirar. Transferida de hospital, morreu no dia seguinte.


Reportagem completa:

http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/images/stories/PDF/noticias2011/not_deolho/estadosp17082011_onucondenapaispormortedegravida.pdf

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Renda das mulheres sobe mais que a dos homens, mas eles continuam a ganhar mais

A renda das mulheres brasileiras subiu em velocidade maior do que a dos homens entre 2002 e 2011. Enquanto a alta para elas foi de 68,2%, a deles ficou em 43,1% no mesmo período. Os dados são de levantamento do Data Popular, que será divulgado nesta terça-feira durante o seminário "Tempo de Mulher", em São Paulo.

O estudo, que considera dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE, mostra ainda que a massa de renda das mulheres passou de R$ 412,4 bilhões, em 2002, para R$ 693,5 bilhões neste ano.

"A mulher está estudando mais do que os homens, o que faz com que tenha um maior reconhecimento. Além disso, têm sido cada vez mais avaliada como uma profissional mais responsável e competente, o que também contribui para a sua valorização", afirma Renato Meirelles, sócio-diretor do instituto Data Popular.

Apesar de ter crescido mais, a renda das mulheres ainda é inferior à dos homens. Em São Paulo, eles ganharam R$ 8,94 por hora em 2010, enquanto elas faturaram R$ 6,72. Em Salvador, o rendimento dos homens ficou em R$ 6,50 e das mulheres em R$ 5,54. Os dados são do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos).

Nível de satisfação

O estudo do Data Popular mostra ainda que as empresárias são as mais realizadas profissionalmente. Questionadas se sentiam satisfeitas no trabalho, 65% responderam que sim. O percentual é menor entre as autônomas (50%), profissionais liberais (48%) e funcionárias públicas (48%). As trabalhadoras empregadas apresentaram o menor grau de satisfação, apenas 37%.

"Sem a possibilidade de flexibilizar o próprio tempo, para dividir horas de trabalho com momentos de lazer e com a família, as mulheres empregadas se tornam menos realizadas em relação àquelas que possuem maior independência, como as profissionais autônomas e às que administram seu negócio", detalha o instituto.

Fonte: http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2009:09082011-renda-das-mulheres-sobe-mais-que-a-dos-homens-mas-eles-continuam-a-ganhar-muito-mais&catid=44:noticias

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Dados sobre Violência contra as Mulheres

Agência Patrícia Galvão selecionou os números mais recentes das principais pesquisas sobre violência doméstica para compor sua pauta sobre os 5 anos de vigência da Lei Maria da Penha.

Seis em cada 10 brasileiros conhecem alguma mulher que foi vítima de violência doméstica.
- Machismo (46%) e alcoolismo (31%) são apontados como principais fatores que contribuem para a violência.
capapesquisaiavonipsos2011- 94% conhecem a Lei Maria da Penha, mas apenas 13% sabem seu conteúdo. A maioria das pessoas (60%) pensa que, ao ser denunciado, o agressor vai preso.
- 52% acham que juízes e policiais desqualificam o problema.
Esses são alguns dos achados da Pesquisa Percepções sobre a Violência Doméstica contra a Mulher no Brasil, realizada pelo Instituto Avon / Ipsos entre 31 de janeiro a 10 de fevereiro de 2011. Saiba mais

91% dos homens dizem considerar que “bater em mulher é errado em qualquer situação”.
- Uma em cada cinco mulheres consideram já ter sofrido alguma vez “algum tipo de violência de parte de algum homem, conhecido ou desconhecido”.
- O parceiro (marido ou namorado) é o responsável por mais 80% dos casos reportados.
logo_fpa- Cerca de seis em cada sete mulheres (84%) e homens (85%) já ouviram falar da Lei Maria da Penha e cerca de quatro em cada cinco (78% e 80% respectivamente) têm uma percepção positiva da mesma.

A Pesquisa Mulheres Brasileiras nos Espaços Público e Privado foi realizada em 2010 pela Fundação Perseu Abramo em parceria com o SESC. Saiba mais

O medo continua sendo a razão principal (68%) para evitar a denúncia dos agressores. Em 66% dos casos, os responsáveis pelas agressões foram os maridos ou companheiros.
logo_datasenado- 66% das brasileiras acham que a violência doméstica e familiar contra as mulheres aumentou, mas 60% acreditam que a proteção contra este tipo de agressão melhorou após a criação da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006)
Realizado em 2011, o levantamento indica que o conhecimento sobre a Lei Maria da Penha cresceu nos últimos dois anos: 98% disseram já ter ouvido falar na lei, contra 83% em 2009.
Saiba mais sobre a quarta edição da Pesquisa DataSenado, concluída em fevereiro de 2011.

Dados atualizados sobre Serviços de Atendimento à Mulher disponíveis no país
O Brasil tem mais de 5.500 municípios e apenas:
190 Centros de Referência (atenção social, psicológica e orientação jurídica)
72 Casas Abrigo
466 Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher
93 Juizados Especializadas e Varas adaptadas
57 Defensorias Especializadas
21 Promotorias Especializadas
12 Serviços de Responsabilização e Educação do Agressor
21 Promotorias/Núcleos de Gênero no Ministério Público
Fonte: Secretaria de Políticas para as Mulheres

Fonte: http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1975&catid=51

quinta-feira, 5 de maio de 2011

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A timoneira do aborto

Rebecca Grompers acredita que mulheres não devem ser proibidas de interromper a gravidez. Nem que para isso elas precisem ser levadas a alto-mar

A holandesa Rebecca Grompers foi incisiva quando perguntei se o bebê que ela espera para abril tem nome decidido. “Não é um bebê, é um feto.” A precisão das palavras não é à toa: fundadora da Women on Waves (Mulheres Sobre Ondas), ela comanda uma das mais polêmicas organizações pró-legalização do aborto no mundo. Viaja de navio para países em que a interrupção da gravidez é proibida e recolhe mulheres que desejem fazê-la. Leva todas para águas internacionais (onde vigoram leis holandesas, país de origem da embarcação) e distribui pílulas que colocam fim ao desenvolvimento do feto ou criança – dependendo de qual lado do debate você está.

A ONG escolhe como alvo países com legislações consideradas “severas”. É o caso do Brasil, que Rebecca lista entre os mais rigorosos do planeta, apesar das recentes propostas do governo Lula de relaxar punições e abrandar a lei. Por onde passa, a Women on Waves causa turbulência. Na expedição a Portugal, em 2004, foi proibida pelo Estado de embarcar mulheres. A repercussão do imbróglio foi tão grande que após a saída dos ativistas 60% dos portugueses se diziam a favor da descriminalização do aborto e 77% queriam um plebiscito sobre o tema. Vitória? “Só comemorarei quando todos países permitirem que mulheres não precisem morrer para fazer um aborto”, diz a holandesa.

Quem são as pessoas que buscam ajuda da Women on Waves?
Mulheres que querem interromper a gravidez e não têm condições financeiras para isso. Em todos os países em que o aborto é ilegal, ele também é muito caro. Sabemos que a maioria das mulheres que buscam orientação em nossa linha telefônica está entre 30 e 40 anos, é mãe de pelo menos um filho e não tem recursos econômicos – ou emocionais – para criar mais uma criança. Conversamos muito com todas para buscar opções e ter certeza de que elas realmente necessitam interromper a gravidez. Se for esse o caso, oferecemos a pílula do aborto e auxílio médico.

O medicamento que vocês utilizam é descrito pelo FDA como inadequado para o aborto e causador de efeitos colaterais que incluem hemorragia e ruptura do útero. Ele não coloca em risco a vida dessas mulheres?
Se for utilizado apenas uma vez, na dose correta e até a nona semana de gravidez, não há risco. O problema são as mulheres que tomam 20 pílulas de uma vez, o que é errado. Em cinco anos de trabalho, nunca tivemos complicações médicas por causa desse remédio. É importante ter em mente que nada coloca mais em risco a saúde das mulheres que manter o aborto na ilegalidade. A cada ano, morrem 80 mulheres que fizeram abortos dentro da lei contra 80 mil mulheres que se submeteram a abortos clandestinos.

Quais os valores defendidos pelo movimento pela legalização do aborto?
Em primeiro lugar, ninguém é pró-aborto. Nenhuma mulher quer passar por essa experiência. Somos pró-direito de abortar. Nosso valor fundamental é olhar as conseqüências da ilegalidade. O aborto é a intervenção médica mais praticada no mundo e proibi-lo não o evita. Essa é a realidade. Dos 47 milhões feitos a cada ano, 20 milhões são ilegais. Nossa causa envolve compaixão, autonomia e saúde das mulheres. Nossos adversários, por sua vez, gostam de se chamar “movimento pró-vida”, mas não estão nem aí para a vida das mulheres. Eles têm apenas argumentos religiosos. O problema é que o fundamento de uma sociedade democrática é separar religião e Estado. A cada 6 minutos, uma mulher morre por causa de um aborto ilegal. Precisamos olhar para as pessoas que estão aqui, não para fetos que não têm autonomia humana ou direito à vida.

E quem tem direito à vida?
A maioria dos médicos concorda que um feto de até 24 semanas de idade não tem chance de sobreviver fora do útero. Ele não tem sentimentos, consciência e autonomia – há uma dependência completa do corpo da mãe. Concordo que é uma forma de vida, sim, mas decidir qual o momento exato que transforma um feto em ser humano é uma questão pessoal. A Igreja Católica diz que é a concepção. Para os muçulmanos, isso acontece entre o 80º e o 100º dia da gravidez, quando Alá sopra a vida no bebê. Os budistas, por sua vez, acreditam que até uma mosca é uma forma de vida que não pode ser morta. Ou seja: cada pessoa tem opinião diferente e deve ter liberdade para escolher o que acha melhor. Só não entendo por que precisamos entrar nesse debate filosófico sobre quando começa a vida. Esse não é o ponto mais importante. A questão central é: mulheres fazem abortos e elas precisam ter o direito de interromper uma gravidez sem colocar em risco a própria saúde.

Desde a fundação, a Women on Waves visitou apenas países católicos. Qual o motivo dessa estratégia?
Não objetivamos países católicos, mas é importante lembrar que a Igreja Católica foi a maior indutora da proibição e a maioria dos protestantes permite o aborto. Há cerca de 150 anos, interromper a gravidez era tolerado. Só em 1869 um papa, Pio IX, declarou que a vida começa na concepção. É uma história interessante: Pio IX precisou fugir para a França e lá conviveu com Napoleão III. O imperador tinha problemas com a baixa natalidade, que atrapalhava seus planos de industrialização. Então, conseguiu que o papa declarasse que a alma humana era incorporada com a concepção. Em troca, a França o ajudou a retomar sua posição no Vaticano. Dizer que o aborto é pecado foi uma decisão política, como tantas outras da Igreja.

Agir no Brasil está em seus projetos?
Queremos visitar o Brasil, mas não temos planos concretos. A lei brasileira é bastante dura e o problema com abortos ilegais, enorme: são cerca de 1,5 milhão por ano, que levam quase 300 mil mulheres aos hospitais por complicações. Quase todas pobres, que recorrem a métodos como pular de escadas ou introduzir agulhas sujas na vagina.

Comparada a outros países, como você classifica nossa lei sobre aborto?
O Brasil possui uma das legislações mais rigorosas do mundo, assim como a maioria das nações sul-americanas, asiáticas e a Irlanda. Uma pessoa vai para a cadeia se fizer um aborto a não ser em situações de estupro ou risco de morte para a mãe. Mesmo nesses casos, é preciso enfrentar uma batalha na Justiça. É surpreendente saber que uma decisão recente do Supremo Tribunal brasileiro proibiu o aborto mesmo quando o feto não tem cérebro. As pessoas precisam entender que gravidez e parto colocam em risco a saúde das mulheres. Como podemos acreditar que um feto sem possibilidade de sobreviver é mais importante que a vida da mãe dele? Qual o sentido disso?

Pesquisas de opinião mostram que a lei brasileira está de acordo com o que pensa a maioria da população. O aborto deve ser legalizado mesmo afrontando as convicções dos brasileiros?
Sim. Estamos falando do direito à privacidade e à saúde. Isso não deve ser decidido pela maioria. Precisamos lembrar também que as implicações vão muito além, são muito maiores que o debate entre direitos da maioria e da minoria. O que acontece com a criança que não é desejada pelos pais? Com as crianças em orfanatos, abandonadas em banheiros públicos? O que estamos fazendo com as pessoas, forçando-as a passar por essa situação?

Você já fez um aborto?

Não é minha vida pessoal que está em jogo. Mas, como toda mulher, eu poderia muito bem ter passado por isso.

Fonte:http://arttemiarktos.wordpress.com/2010/10/19/a-timoneira-do-aborto/

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Mulher, democracia e Desenvolvimento

Mulher, democracia e Desenvolvimento

(FLAVIA PIOVESAN e SILVIA PIMENTEL)


"Pela decisão soberana do povo, hoje será a primeira vez que a faixa presidencial cingirá no ombro de uma mulher. (...) A valorização da mulher melhora a nossa sociedade e valoriza nossa democracia." Assim a presidente Dilma inaugurou o seu discurso de posse, enfatizando que sua luta mais obstinada será pela erradicação da pobreza. A presidente brasileira soma-se às 11 mulheres chefes de governo, considerando 192 países. O Brasil situa-se no 81º lugar no ranking de desigualdade entre homens e mulheres de 134 países, tendo como indicadores o acesso à educação e à saúde e a participação econômica e política das mulheres (relatório Global Gender Gap). O estudo conclui que nenhum país do mundo trata de forma absolutamente igualitária homens e mulheres. Os países nórdicos revelam a menor desigualdade de gênero - despontando Noruega, Suécia e Finlândia nos primeiros lugares do ranking-, enquanto os países árabes têm os piores indicadores. Se comparada com outros países latino-americanos, como a Argentina (24º lugar) e o Peru (44º lugar), preocupante mostra-se a performance brasileira, explicada, sobretudo, pela reduzida participação política de mulheres. Ainda que no acesso à educação e à saúde o Brasil ostenteum dos melhores indicadores de nossa região, quanto à participação política atingimos a constrangedora 114ª posição, muito distante das posições argentina (14ª), chilena (26ª) ou mesmo peruana (33ª). Ao longo da história, atribuiu-se às mulheres a esfera privada -os cuidados com o marido, com os filhos e com os afazeres domésticos -, enquanto aos homens foi confiada a esfera pública. Nas últimas três décadas, no entanto, houve a crescente democratização do domínio público, com a significativa participação de mulheres, ainda remanescendo o desafio de democratizar o domínio privado -o que não só permitiria o maior envolvimento de homens na vivência familiar, com um grande ganho aos filhos(as), mas também possibilitaria a maior participação política de mulheres. No mercado de trabalho, para as mesmas profissões e níveis educacionais, as mulheres brasileiras ganham cerca de 30% a menos do que os homens. Para José Pastore, "além das diferenças de renda, as mulheres enfrentam uma situação
desfavorável na divisão das tarefas domésticas. Os maridos brasileiros dedicam, em média, apenas 0,7 hora de seu dia ao trabalho do lar. As mulheres que trabalham fora põem quatro horas diárias". Se hoje há no mundo 1 bilhão de analfabetos adultos, dois terços são mulheres. Consequentemente, 70% das pessoas que vivem na pobreza também o são -daí a feminização da
pobreza. Garantir o empoderamento de mulheres é condição essencial para avançar no desenvolvimento. Os países que apresentam a menor desigualdade de gênero são justamente os mesmos que ostentam o maior índice de desenvolvimento humano. Que a eleição de nossa primeira presidente e a composição de seu ministério (com um terço integrado por mulheres) tenham força catalizadora de impulsionar o empoderamento das mulheres brasileiras. Afinal, como lembra Amartya Sen, "nada atualmente é tão importante ao desenvolvimento quanto o reconhecimento adequado da participação e da liderança política, econômica e social das mulheres. Esse é um aspecto crucial do desenvolvimento como liberdade".

Fonte: http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/images/stories/PDF/noticias2011/not_politica/folhasp09012011_piovesanpimentel.pdf

A AIDS não tem preconceito, você também não deve ter!!! CAMPANHA #SOMOSIGUAIS

O Dia Mundial de Luta Contra a Aids, celebrado no dia 1º de dezembro, foi criado pela Assembléia Mundial de Saúde, com apoio da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1987. A data mobiliza milhões de pessoas ao redor do mundo na luta contra o vírus HIV e existe para despertar a população para a importância da prevenção, realizar campanhas de solidariedade em prol de soropositivos – pessoas infectadas pelo vírus – e mostrar à sociedade que o maior desafio contra a doença ainda é o preconceito.

No Brasil, a data passou a ser comemorada a partir de 1988, por decisão do Ministério da Saúde. Em 2010, a campanha tem como público alvo jovens de 15 a 24 anos. O grupo foi escolhido ao se levarem em consideração dados comportamentais como o maior número de parceiros casuais dos jovens em relação aos não-jovens e o elevado índice de jovens (40%) que declaram não usar preservativo em todas as relações sexuais.

Com o tema “O preconceito como aspecto de vulnerabilidade ao HIV/Aids”, a campanha deste ano será representada por quinze jovens soropositivos e 12 artistas, com peças publicitárias na TV, rádio, mídia impressa e internet. O lançamento coincide com a divulgação do Boletim Epidemiológico 2010, com informações sobre o número de infecções no País. Na ocasião, oito jovens serão homenageados por suas histórias que contam um pouco do viver com a doença e com o preconceito. Eles foram os selecionados na segunda edição do concurso culturalVidas em Crônicas do Ministério da Saúde.


FONTE: http://www.todoscontraopreconceito.com.br

.